Cabeleira como desculpa pra outra coisa
A cabeleira continua descontrol. A Dani me ajudou a econtrar meus produtos de outrora da L'anza e a coisa deu uma mão. No entanto, há que se acordar que a cabeleira é da pavirada e não vai se conter assim, tão facilmente.
Outro dia fui almoçar com dois colegas, cada qual de um país diferente, sobre essa coisa toda de expatriado e terra estrangeira. Cada qual deu sua percepção, o italiano enfatizou o caráter da experiência nova e da eterna sensação do desconhecido, nunca se chega a uma zona de conforto total como se tem no país de origem. O outro, holandês e extremamente prático, falou sobre sua experiência de outra ótica, de como o trabalho o levou para onde foi e das ínfimas possibilidades de que o trabalho o leve de volta à terra amada. Eu tenho cá minha terceira visão da coisa. Pra começar sou casada com alguém de nacionalidade diversa à minha, e moramos em um país que não é a casa de nenhum de nós. Para melhorar, falamos entre nós ainda outra língua que não nos é nativa. Mas com os filhos temos que fazer samba-do-crioulo-doido por conta da certa dificuldade que o primogênito enfrenta em se situar foneticamente. A complexidade do meu mundo é multi-facetada, vem de todos os lados, me sinto eternamente fora de qualquer zona de conforto, cada conforto tem que ser construído vagarosamente - e por vezes na base da porrada. Sinto também que a experiência é completamente diferente quando não há família, filhos e essa coisa toda de gente grande que minha vida atualmente tem. E nessas, tenho que constatar que me sinto muito mais brasileira do que jamais me senti em minha vida. Enquanto no Brasil, nunca me senti assim muito estereótipo nacional aqui eu sou a espertinha, rainha do jeitinho e da sociabilidade. Espertinha porque esotu sempre a contornar imposiçôes à minha vida que não considero assim, muito relevantes para o convívio em sociedade. Rainha do jeitinho porque dentro desse contexto maluco em que vivo, não há forma de lidar com tudo isso em total uso das faculdades mentais sem estar constantemente procurando por um tal jeitinho pra, literalmente, ajeitar as coisas. E sociabilidade, bem, eu nunca fui muito adepta às formações espontâneas de amizades, mas aqui meu nome é miss congeniality, aquela que se relaciona com toda forma de pessoa sem nenhum pudor de ser feliz.
E, não há nada de errado com isso.
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Wednesday, August 04, 2010
Friday, May 21, 2010
Sumiço blogal
Eu juro que já tentei escrever alguns posts, mas o cansaço, ou a preguiça ou simplesmente a falta de vontade me vencem e lá vou eu recomeçar tudo outra vez. Eu ando realmente numa ladainha com esse blogue, um te amo mas não te quero infinito. Creio que nossa relação vá ficar assim por algum tempo.
A vida mudou muito para mim ultimamente, por conta de coisas que quem sabe, sabe, que não sabe, pode perguntar. E então que o tempo que já era escasso virou ínfimo. Nessas, eu tento bravamente manter minha sanidade, minhas corridas e, sobretudo, a minha calma. Vez ou outra eu falho mesmo, mas ao menos reconheço que ando muito atenta.
Sei que vai soar assim, muito idiota, mas essa minha vida atualmente regrada foi resultado de uma reflexão intensa em um programa de desenvolvimento pessoal e de liderança. E eu sei que vai soar ainda mais idiota, mas tenho que reconhecer que isso aconteceu no momento exato em que tinha que acontecer. É como se todas as engrenagens estivessem a postos para que pudesse ser dada a partida, e o click veio justamente logo após a última parafuseta ser apertada.
Sinto-me mais no controle das coisas e o período atual de teste tem sido de fogo. É verdade, não tenho tempo algum de mandar meus emails pentelhos a amigos desaparecidos, de viver imprevistos ou de programar o acaso. Não, ultimamente, tudo aqui tem que ser regrado, planejado e acordado. Então, eu planejei que vou correr, no mínimo, 3 vezes por semana. Durante essa última semana baldeei por lugares diferentes, e meu par de tênis estve sempre comigo. Na quarta-feira tive um jantar que foi até tarde e acabei encarando um hotel bem pra lá de meia-noite. Coloquei o alarme pras 5:30, mas tendo em vista o que tinha que fazer naquela manhã e meu nível de cansaço, ponderei ao som do alarme e resolvi dormir mais uma hora. A corrida aconteceu no dia seguinte, sem choro nem vela.
Esse ritmo aparentemente espartano me trouxe muitos benefícios, mas sobretudo uma diminuição do meu stress aparente. Apesar de gostar de caos, vivo bem quando instalo rotinas e ganho sensação de controle sob alguns aspectos. O caos é preciso, as rotinas também. Cada qual tem seu lugar e espaço em minha vida.
MAs, verdade seja dita. Acordar às 5:30 é uma merda sem tamanho. Dormir até às 11 é meu atual sonho de consumo.
Eu juro que já tentei escrever alguns posts, mas o cansaço, ou a preguiça ou simplesmente a falta de vontade me vencem e lá vou eu recomeçar tudo outra vez. Eu ando realmente numa ladainha com esse blogue, um te amo mas não te quero infinito. Creio que nossa relação vá ficar assim por algum tempo.
A vida mudou muito para mim ultimamente, por conta de coisas que quem sabe, sabe, que não sabe, pode perguntar. E então que o tempo que já era escasso virou ínfimo. Nessas, eu tento bravamente manter minha sanidade, minhas corridas e, sobretudo, a minha calma. Vez ou outra eu falho mesmo, mas ao menos reconheço que ando muito atenta.
Sei que vai soar assim, muito idiota, mas essa minha vida atualmente regrada foi resultado de uma reflexão intensa em um programa de desenvolvimento pessoal e de liderança. E eu sei que vai soar ainda mais idiota, mas tenho que reconhecer que isso aconteceu no momento exato em que tinha que acontecer. É como se todas as engrenagens estivessem a postos para que pudesse ser dada a partida, e o click veio justamente logo após a última parafuseta ser apertada.
Sinto-me mais no controle das coisas e o período atual de teste tem sido de fogo. É verdade, não tenho tempo algum de mandar meus emails pentelhos a amigos desaparecidos, de viver imprevistos ou de programar o acaso. Não, ultimamente, tudo aqui tem que ser regrado, planejado e acordado. Então, eu planejei que vou correr, no mínimo, 3 vezes por semana. Durante essa última semana baldeei por lugares diferentes, e meu par de tênis estve sempre comigo. Na quarta-feira tive um jantar que foi até tarde e acabei encarando um hotel bem pra lá de meia-noite. Coloquei o alarme pras 5:30, mas tendo em vista o que tinha que fazer naquela manhã e meu nível de cansaço, ponderei ao som do alarme e resolvi dormir mais uma hora. A corrida aconteceu no dia seguinte, sem choro nem vela.
Esse ritmo aparentemente espartano me trouxe muitos benefícios, mas sobretudo uma diminuição do meu stress aparente. Apesar de gostar de caos, vivo bem quando instalo rotinas e ganho sensação de controle sob alguns aspectos. O caos é preciso, as rotinas também. Cada qual tem seu lugar e espaço em minha vida.
MAs, verdade seja dita. Acordar às 5:30 é uma merda sem tamanho. Dormir até às 11 é meu atual sonho de consumo.
Sunday, December 27, 2009
Me, myself and the blog
Sinto-me cada vez mais e mais distante do blog. Gosto muito de escrever e, de certa forma, esse diário virtual me serviu muitos propósitos. Ao mesmo tempo, sinto que não tenho nada mais a dizer por aqui que faça assim, grandes sentidos na minha vida. Descaracterizando-me, deixo o blog meio de escanteio, em ganas de tentar resolver o que fazer com ele e evitar apetar o delete num momento de arroubo. Seguro aqui, por enquanto, até ver no que vai dar.
A questão é que o blog ficou muito superficial e por vezes non-sense para as minhas reais intenções. Enquanto tem muita coisa que burbulha, aqui fica tudo só no respingo, não supre, em absoluto, minha necessidade de processar coisa alguma e tampouco sua inicial intenção de manter os queridos um pouco atualizados sobre as coisas mais ordinárias da vida - visto que nem mesmo regularidade essa joça tem. Ainda, para mim, mesmo o que é de muito ordinário ganhou um caráter extremamente especial, deixando então praticamente quase tudo da vida sem a menor vontade de ser dito ou compartilhado. Compartilhar, fora de contexto, sem regularidade, parece não fazer sentido algum além de não fazer jus à toda beleza que carrega.
Alguns dirão que seria por causa da audiência, e sobretudo de stalkers que ganhei ao longo dos anos - e meu aparente ganho de discrição. MAs não é. Esses sempre tiveram à espreita e os olhares não me incomodam. O incômodo vem de mim, ou, dizendo melhor, a falta de interesse vem de mim. Gosto de escrever, gosto de poder colocar no registro muitas coisas que acontecem. Mas ultimamente, não tenho vontade de colocar quase nada no registro, ao menos, nesse registro aqui. Vale dizer que meu Flickr bomba, com fotos, fotos e mais fotos. Vivo de máquina na mão. Talvez tudo passe, mude e a vontade volte. Portanto, deixo-o aqui nesse limbo, nessa coisa indefinida.
Mas hoje vim dizer que 2009 foi um ano de transição. 2009 não foi fácil, mas também não foi nenhuma catástrofe. 2009 teve alguns projetos que acabaram n'água, outros projetos que tiveram sucesso. Não foi um ano baunilha, porque houve muita coisa para ter sido somente água morna. Foi um ano em que balizar como um grande sucesso ou um grande desastre não se aplicam. Portanto, eu quero mais sucessos em 2010. Quero um ano com coisas boas. Ele começou trazendo-me gripe suína, catapora nos monstrinhos, muita neve, muita, muita, muita, um desastre muito triste, uma viagem cancelada e a perspectiva da ida ao Brasil em breve.
Então, mesmo que ele já esteja em movimento, vale ainda querer um 2010 de bem. Pra todo mundo. Porque nunca é tarde para tanto.
E o blog, bem, o blog continua aqui. Só eu que não sei onde estarei com relação a ele.
Sinto-me cada vez mais e mais distante do blog. Gosto muito de escrever e, de certa forma, esse diário virtual me serviu muitos propósitos. Ao mesmo tempo, sinto que não tenho nada mais a dizer por aqui que faça assim, grandes sentidos na minha vida. Descaracterizando-me, deixo o blog meio de escanteio, em ganas de tentar resolver o que fazer com ele e evitar apetar o delete num momento de arroubo. Seguro aqui, por enquanto, até ver no que vai dar.
A questão é que o blog ficou muito superficial e por vezes non-sense para as minhas reais intenções. Enquanto tem muita coisa que burbulha, aqui fica tudo só no respingo, não supre, em absoluto, minha necessidade de processar coisa alguma e tampouco sua inicial intenção de manter os queridos um pouco atualizados sobre as coisas mais ordinárias da vida - visto que nem mesmo regularidade essa joça tem. Ainda, para mim, mesmo o que é de muito ordinário ganhou um caráter extremamente especial, deixando então praticamente quase tudo da vida sem a menor vontade de ser dito ou compartilhado. Compartilhar, fora de contexto, sem regularidade, parece não fazer sentido algum além de não fazer jus à toda beleza que carrega.
Alguns dirão que seria por causa da audiência, e sobretudo de stalkers que ganhei ao longo dos anos - e meu aparente ganho de discrição. MAs não é. Esses sempre tiveram à espreita e os olhares não me incomodam. O incômodo vem de mim, ou, dizendo melhor, a falta de interesse vem de mim. Gosto de escrever, gosto de poder colocar no registro muitas coisas que acontecem. Mas ultimamente, não tenho vontade de colocar quase nada no registro, ao menos, nesse registro aqui. Vale dizer que meu Flickr bomba, com fotos, fotos e mais fotos. Vivo de máquina na mão. Talvez tudo passe, mude e a vontade volte. Portanto, deixo-o aqui nesse limbo, nessa coisa indefinida.
Mas hoje vim dizer que 2009 foi um ano de transição. 2009 não foi fácil, mas também não foi nenhuma catástrofe. 2009 teve alguns projetos que acabaram n'água, outros projetos que tiveram sucesso. Não foi um ano baunilha, porque houve muita coisa para ter sido somente água morna. Foi um ano em que balizar como um grande sucesso ou um grande desastre não se aplicam. Portanto, eu quero mais sucessos em 2010. Quero um ano com coisas boas. Ele começou trazendo-me gripe suína, catapora nos monstrinhos, muita neve, muita, muita, muita, um desastre muito triste, uma viagem cancelada e a perspectiva da ida ao Brasil em breve.
Então, mesmo que ele já esteja em movimento, vale ainda querer um 2010 de bem. Pra todo mundo. Porque nunca é tarde para tanto.
E o blog, bem, o blog continua aqui. Só eu que não sei onde estarei com relação a ele.
Sunday, November 22, 2009
De tudo - sem nexo
Chove. Chove cântaros. Chove desde hoje de manhã. Domingos assim são daqueles que dão vontade de ficar em casa cozinhando. Não fui fazer cookies, mas asso no momento um frango ao leite no forno que vai ficar diliiiça. Fomos à piscina e com esse tempo molhado não deu mesmo pra correr. Deveria ter ido ontem, mas aí ontem Inês é morta, ontem já foi. Não sou imediatista, mas acho que à medida em que o tempo passa, ganho cada vez mais consciência da efemeridade das coisas. Para mim as crianças trouxeram também esse alerta com relação ao tempo, Zé Mané já camiha para os 5 anos, e ainda que esses tempos tenham sido extremamente intensos, foram, ao mesmo tempo, muito rápidos. Parece que foi outro dia. E estamos já planejando o ano que vem. Outra coisa que mudou. Uma necessidade de planejar tudo com ampla antecedência, algo um pouco contra meus princípios mas que exerço por pura falta de opção. Ano que vem, minha agenda já aceitou programas pra maio. Ridículo, mas verdade. E em setembro é a Dona Maria que vai pra escola. Tenho pensado nisso, em como ela está bem mais pronta do que o Zé estava quando teve que encarar professora e coleguinhas. Esse correr atrás do tempo também tem sido assim no trabalho. Com treinamento, viagem e coisa e tal, o trabalho vai empilhando. Sem prioridade, tudo viraria bagunça. Então, a fila vai andando na base da urgência. O que era pra ontem, vai na frente. E hoje é domingo, e chove cântaros lá fora, e a vida parece, por um breve instante, ter forma de calma enquanto os dois monstrinhos fazem o dodô da tarde. Assim, esse breve momento, ocupado com escrever sobre o nada, olhar o tempo que, pouco a pouco começa a abrir pela janela. Essa vida que por um breve instante parece calma. E daqui a pouco vamos deliciar um franguinho ao forno, nos jantares tumultuados que são nossa rotina. E outra semana que vem.
Chove. Chove cântaros. Chove desde hoje de manhã. Domingos assim são daqueles que dão vontade de ficar em casa cozinhando. Não fui fazer cookies, mas asso no momento um frango ao leite no forno que vai ficar diliiiça. Fomos à piscina e com esse tempo molhado não deu mesmo pra correr. Deveria ter ido ontem, mas aí ontem Inês é morta, ontem já foi. Não sou imediatista, mas acho que à medida em que o tempo passa, ganho cada vez mais consciência da efemeridade das coisas. Para mim as crianças trouxeram também esse alerta com relação ao tempo, Zé Mané já camiha para os 5 anos, e ainda que esses tempos tenham sido extremamente intensos, foram, ao mesmo tempo, muito rápidos. Parece que foi outro dia. E estamos já planejando o ano que vem. Outra coisa que mudou. Uma necessidade de planejar tudo com ampla antecedência, algo um pouco contra meus princípios mas que exerço por pura falta de opção. Ano que vem, minha agenda já aceitou programas pra maio. Ridículo, mas verdade. E em setembro é a Dona Maria que vai pra escola. Tenho pensado nisso, em como ela está bem mais pronta do que o Zé estava quando teve que encarar professora e coleguinhas. Esse correr atrás do tempo também tem sido assim no trabalho. Com treinamento, viagem e coisa e tal, o trabalho vai empilhando. Sem prioridade, tudo viraria bagunça. Então, a fila vai andando na base da urgência. O que era pra ontem, vai na frente. E hoje é domingo, e chove cântaros lá fora, e a vida parece, por um breve instante, ter forma de calma enquanto os dois monstrinhos fazem o dodô da tarde. Assim, esse breve momento, ocupado com escrever sobre o nada, olhar o tempo que, pouco a pouco começa a abrir pela janela. Essa vida que por um breve instante parece calma. E daqui a pouco vamos deliciar um franguinho ao forno, nos jantares tumultuados que são nossa rotina. E outra semana que vem.
Friday, November 13, 2009
Da minha capacidade de apagar
Estive a refletir numa dessas minhas voltas pra casa, enfrentando trânsito, sobre a minha (in)capacidade de apagar mancadas. Não necessito sucumbir à auto-loa e discorrer sobre minhas grandes qualidades como amiga, profissional, filha, irmã ou mãe. Acho que no caso, vale mais falar dos meus grandes defeitos. Diz uma amiga minha que essa minha necessidade de falar das minhas falhas não contribui muito para a percepção alheia sobre as minhas qualidades, ao que retruquei-lhe que, na grande maioria dos casos, não estou muito preocupada com a percepção alheia acerca da minha pessoa. Para mim, meus defeitos pesam muito a mim mesma, e minha ausência de controle sobre eles me incomoda de uma maneira tão profunda que admiti-los está, de certa forma, fora de meu controle.
Mas não falarei mais disso. Hoje o dia foi movimentadíssimo. Na sexta-feira, saímos da escola com um super coelho que seria a tarefa do final de semana. Zé-Mané deverá reportar na segunda-feira o que fez durante o final de semana com aquele mega-bicho-de-pelúcia. Pois nós carregamos o dito pro parque, tiramos foto, botamos pra dormir com Zé, tiramos foto, brincamos na sala, tiramos foto, e todo mundo foi junto no rolo, tirando foto. Colamos tudo no caderno da escola - e de quebra, colocamos também no flickr. Moral da história - não basta ser pai, tem que pagar mico.
E semana passada trouxe algumas novas, muito bacanas, e algumas novas em suspenso, por hora. Semana passada poderia ter sido uma das melhores semanas dos últimos tempos, daquelas que trazem bons e novos ventos. Como ando ainda com coisas em suspenso, mudarei de discurso. Quem sabe, novembro, não será assim, o melhor mês dos últimos tempos? Estou com figas.
Esotu muito, muito cansada. E daqui a pouco eu vou preparar aquele lombinho de porco, deliciosamente temperado, com batatas ao forno, arroz e salada, um jantar para fechar uma semana boa. Ah, sim, claro, porque apesar do meus momentos especiais a vida tem que terminhar em Amelice.
Estive a refletir numa dessas minhas voltas pra casa, enfrentando trânsito, sobre a minha (in)capacidade de apagar mancadas. Não necessito sucumbir à auto-loa e discorrer sobre minhas grandes qualidades como amiga, profissional, filha, irmã ou mãe. Acho que no caso, vale mais falar dos meus grandes defeitos. Diz uma amiga minha que essa minha necessidade de falar das minhas falhas não contribui muito para a percepção alheia sobre as minhas qualidades, ao que retruquei-lhe que, na grande maioria dos casos, não estou muito preocupada com a percepção alheia acerca da minha pessoa. Para mim, meus defeitos pesam muito a mim mesma, e minha ausência de controle sobre eles me incomoda de uma maneira tão profunda que admiti-los está, de certa forma, fora de meu controle.
Mas não falarei mais disso. Hoje o dia foi movimentadíssimo. Na sexta-feira, saímos da escola com um super coelho que seria a tarefa do final de semana. Zé-Mané deverá reportar na segunda-feira o que fez durante o final de semana com aquele mega-bicho-de-pelúcia. Pois nós carregamos o dito pro parque, tiramos foto, botamos pra dormir com Zé, tiramos foto, brincamos na sala, tiramos foto, e todo mundo foi junto no rolo, tirando foto. Colamos tudo no caderno da escola - e de quebra, colocamos também no flickr. Moral da história - não basta ser pai, tem que pagar mico.
E semana passada trouxe algumas novas, muito bacanas, e algumas novas em suspenso, por hora. Semana passada poderia ter sido uma das melhores semanas dos últimos tempos, daquelas que trazem bons e novos ventos. Como ando ainda com coisas em suspenso, mudarei de discurso. Quem sabe, novembro, não será assim, o melhor mês dos últimos tempos? Estou com figas.
Esotu muito, muito cansada. E daqui a pouco eu vou preparar aquele lombinho de porco, deliciosamente temperado, com batatas ao forno, arroz e salada, um jantar para fechar uma semana boa. Ah, sim, claro, porque apesar do meus momentos especiais a vida tem que terminhar em Amelice.
Thursday, November 05, 2009
Wednesday, November 04, 2009
A vontade que não vem
Eu queria dizer algumas coisas, mas então a vontade passa.
A última nova sem qualquer importância é que parece que mais e mais gente entra no Facebook. Alguns cristãos que nunca tiveram orkut sucumbiram ao layout mais clean e à vida mais respeitosa do facebook. Já faz um bom tempo que estou por aquelas paradas, e contrariamente ao twitter ou orkut, eu nunca vi quebra-pau público, esse lugar tão comum da vida virtual brasileira.
Outro dia vi um artigo na Época em que a colunista falava sobre os perigos da internet e em como ela era contra essas redes sociais - comentando um caso de uma adolescente que foi sequestrada, estuprada e torturada por um doidivanas criminoso que conheceu pela net (não achei mais o link). Fico um pouco preocupada quando gente que é colunista profere tantas barbaridades. A internet pode ser somente mais um meio pelo qual maníacos conectam-se às suas vítimas, e basear o perigo de uma rede social virtual à probabilidade de ser estuprada, sequestrada e torturada me parece um tanto, digamos, reacionário e psicótico. No mais, se vc quer proteger tudo e todos de todo mal que há nessa terra, melhor é nem nascer mesmo.
Dona Maria continua metralhando palavras por minuto. Já contei que ela é uma figura, de carteirinha, filiação e tudo mais? Pois então, meus dois são tão diferentes um do outro e ao mesmo tempo eles se divertem, brigam, se amam e se odeiam. Fiquei a pensar se essa coisa toda de amar, daqueles amores que vêm de uma antipatia incial, bem pejorativamente o te odeio, mas te amo logo após, não tenha suas razões e origens nessa relação fraternal. Eu, que só tive irmãos, consigo vislumbrar tal hipótese.
Zé Mané volta amanhã pra escola. E a vida tem seguido debaixo de dilúvio - o que chove nessa terra no momento nâo está pra principiante. ESpero que os poupe amanhã, pela manhã.
E eu vou é dormir. Morta, exausta, meu atual habitual corrente.
Eu queria dizer algumas coisas, mas então a vontade passa.
A última nova sem qualquer importância é que parece que mais e mais gente entra no Facebook. Alguns cristãos que nunca tiveram orkut sucumbiram ao layout mais clean e à vida mais respeitosa do facebook. Já faz um bom tempo que estou por aquelas paradas, e contrariamente ao twitter ou orkut, eu nunca vi quebra-pau público, esse lugar tão comum da vida virtual brasileira.
Outro dia vi um artigo na Época em que a colunista falava sobre os perigos da internet e em como ela era contra essas redes sociais - comentando um caso de uma adolescente que foi sequestrada, estuprada e torturada por um doidivanas criminoso que conheceu pela net (não achei mais o link). Fico um pouco preocupada quando gente que é colunista profere tantas barbaridades. A internet pode ser somente mais um meio pelo qual maníacos conectam-se às suas vítimas, e basear o perigo de uma rede social virtual à probabilidade de ser estuprada, sequestrada e torturada me parece um tanto, digamos, reacionário e psicótico. No mais, se vc quer proteger tudo e todos de todo mal que há nessa terra, melhor é nem nascer mesmo.
Dona Maria continua metralhando palavras por minuto. Já contei que ela é uma figura, de carteirinha, filiação e tudo mais? Pois então, meus dois são tão diferentes um do outro e ao mesmo tempo eles se divertem, brigam, se amam e se odeiam. Fiquei a pensar se essa coisa toda de amar, daqueles amores que vêm de uma antipatia incial, bem pejorativamente o te odeio, mas te amo logo após, não tenha suas razões e origens nessa relação fraternal. Eu, que só tive irmãos, consigo vislumbrar tal hipótese.
Zé Mané volta amanhã pra escola. E a vida tem seguido debaixo de dilúvio - o que chove nessa terra no momento nâo está pra principiante. ESpero que os poupe amanhã, pela manhã.
E eu vou é dormir. Morta, exausta, meu atual habitual corrente.
Wednesday, October 28, 2009
Ser mãe e a morte
Já deu pra perceber que até que eu lido com essa coisa toda da maternidade de uma maneira leve e, no geral, sou realmente uma mãe que é um pouco desencanada e deixa os pequenos experimentarem da vida com limites bem, digamos, amplos. Não sou de ficar a correr atrás dos miúdos pensando que vão se matar com um novelo de lã, ou que cairão do sofá e partirão as cabeças ao meio. Nessa coisa de viver e testar, conheço muito pouca gente que goste de teoria e abdique da prática, e muito menos gente que goste de teoria ditatorial. Creio que o exercício parental tenha sucesso quando a responsabilidade e as consequências pelas escolhas sejam explicadas, e até onde dá, deixo para os dois baixinhos resolverem se vão ou se ficam e se testam por si mesmos. Isso não quer dizer que não me estresso, que não diga muitos não ou tampouco que não tenha lá minhas ansiedades.
E falando das minhas ansiedades, tenho percebido que sofro de grande dificuldade para explicar a morte. Zé Mané, que é mais velho, é extremamente agitado e se toca no assunto, ele já esqueceu no segundo seguinte e assim evita a prolongação de minha agrura. Dona Maria é uma matraca giratória, fala sem parar e interage o tempo todo, até consigo mesma. Por conta disso, ela me pergunta sempre que vê em algum desenho o que aconteceu com o bichinho / menininho que morreu.
Já cogitei que, talvez, a minha condição de atéia dificulte a explicação. Porque dizer para uma criança de dois anos que morreu, acabou, c'est fini, além de ser cruel, só amplia a oportunidade para mais uma saraivada de questões, às quais, novamente, me colocarão exatamente na mesma situação, perpetuando, complicando e me angustiando. Até o momento eu consegui responder na base do foi embora e não volta mais, assim, em aberto e completamente desarticulada, tanto, que reconheço que nem eu mesma entenda direito o que estou a dizer. Obviamente que essa enganação não vai durar muito tempo, daqui a pouco ela vai voltar e perguntar o foi embora pra onde, como assim não volta, e por que não volta mais - a famosa combinação onde-como-por quê? E, honestamente, eu não faço a mais reles idéia do que responder. Convenhamos, a morte é inquestionavelmente um puta estraga-prazer, tira-gosto e party booper, salvo raros casos em que seja um bem pra humanidade, em sua grande maioria é a tradução de lidar com perda, dor e sofrimento. E para um ateu, um adeus definitivo. Querer mostrar esse lado para uma criança de 2 anos me angustia sim e me faz lembrar que sem dúvida os religiosos são mais felizes.
O que tenho considerado fazer é projetar toda essa coisa da morte para o non-sense total, para o mundo imaginário, de fadas, seres absurdos, gente que vira espírito, gente que vira bicho, gente que vira coisa, vou fazer um shake de um monte de referências e trasnformar em histórias rocambolescas, me enrolar toda e me divertir um pouco. Porque se os religiosos são mais felizes, eu ao menos vou provar que os ateus se divertem mais.
E então, que assim seja. Amém.
Já deu pra perceber que até que eu lido com essa coisa toda da maternidade de uma maneira leve e, no geral, sou realmente uma mãe que é um pouco desencanada e deixa os pequenos experimentarem da vida com limites bem, digamos, amplos. Não sou de ficar a correr atrás dos miúdos pensando que vão se matar com um novelo de lã, ou que cairão do sofá e partirão as cabeças ao meio. Nessa coisa de viver e testar, conheço muito pouca gente que goste de teoria e abdique da prática, e muito menos gente que goste de teoria ditatorial. Creio que o exercício parental tenha sucesso quando a responsabilidade e as consequências pelas escolhas sejam explicadas, e até onde dá, deixo para os dois baixinhos resolverem se vão ou se ficam e se testam por si mesmos. Isso não quer dizer que não me estresso, que não diga muitos não ou tampouco que não tenha lá minhas ansiedades.
E falando das minhas ansiedades, tenho percebido que sofro de grande dificuldade para explicar a morte. Zé Mané, que é mais velho, é extremamente agitado e se toca no assunto, ele já esqueceu no segundo seguinte e assim evita a prolongação de minha agrura. Dona Maria é uma matraca giratória, fala sem parar e interage o tempo todo, até consigo mesma. Por conta disso, ela me pergunta sempre que vê em algum desenho o que aconteceu com o bichinho / menininho que morreu.
Já cogitei que, talvez, a minha condição de atéia dificulte a explicação. Porque dizer para uma criança de dois anos que morreu, acabou, c'est fini, além de ser cruel, só amplia a oportunidade para mais uma saraivada de questões, às quais, novamente, me colocarão exatamente na mesma situação, perpetuando, complicando e me angustiando. Até o momento eu consegui responder na base do foi embora e não volta mais, assim, em aberto e completamente desarticulada, tanto, que reconheço que nem eu mesma entenda direito o que estou a dizer. Obviamente que essa enganação não vai durar muito tempo, daqui a pouco ela vai voltar e perguntar o foi embora pra onde, como assim não volta, e por que não volta mais - a famosa combinação onde-como-por quê? E, honestamente, eu não faço a mais reles idéia do que responder. Convenhamos, a morte é inquestionavelmente um puta estraga-prazer, tira-gosto e party booper, salvo raros casos em que seja um bem pra humanidade, em sua grande maioria é a tradução de lidar com perda, dor e sofrimento. E para um ateu, um adeus definitivo. Querer mostrar esse lado para uma criança de 2 anos me angustia sim e me faz lembrar que sem dúvida os religiosos são mais felizes.
O que tenho considerado fazer é projetar toda essa coisa da morte para o non-sense total, para o mundo imaginário, de fadas, seres absurdos, gente que vira espírito, gente que vira bicho, gente que vira coisa, vou fazer um shake de um monte de referências e trasnformar em histórias rocambolescas, me enrolar toda e me divertir um pouco. Porque se os religiosos são mais felizes, eu ao menos vou provar que os ateus se divertem mais.
E então, que assim seja. Amém.
Monday, October 26, 2009
Da vida de expatriado 2
Agora embalei, ninguém me segura.
Há que se constatar que o olhar de expatriados para com as origens sempre fica romantizado, assim como o das mães. A minha sempre diz que nós fomos bagunceiros normais, pois eu me lembro das coisas que fizemos e me arrepiam os cabelos imaginar que os meus vão repetir tudo aquilo no superlativo. Lá em casa sempre acabava com alguém soltando sangue, alguém com algo quebrado, alguém no hospital ou então muita gente correndo atrás de nós para uma esquentada de bunda. Mas ela acha os meus dois muito, MUITO mais terríveis do que fomos. Insisto que ela ou não se lembra, ou tem memória seletiva ou está me sacaneando. Ela então insiste que os meus dois são sim, muito, mas MUITO terríveis - ainda que não tenhamos no currículo, até o momento, nenhum ferido grave.
Aceito que o meu olhar romantiza muito do que é referência e do que ficou no passado. Porque a gente seleciona o que quer lembrar, guarda tudo aquilo de bom e renova aqui dentro as pequenas desgraças, deixando os desagrados para um pouco mais longe. Um exemplo, o trânsito daquela cidade maluca que é São Paulo. Eu, por aqui, deveria ter vegonha de reclamar do trânsito meia-boca que por vezes pego. Porque se tem dias em que demoro 45 minutos, 50, vá lá, 1 hora pra chegar em casa, em São Paulo poderiam ser horas, horas e horas. Então, reconheço que a memória envelhece e faz tudo ficar em cores pastéis e, de alguma forma, eu não me lembro do sofrimento no trânsito de São Paulo.
Lido, algumas vezes, na base do humor: quem sabe rir de si é seguramente mais feliz do que os ranhetas e broncos. Mas, como eu não sou e nem nunca fui lady, tem dias em que o humor vai dar um passeio e o que me resta é a frustração, indignação, incômodo e, de certa forma, essa melancolia por aquela vida romantizada que chamo de casa.
Nunca fiz planos de voltar ao Brasil, e nem mesmo nessas horas faço. ASsim reafirmo que a minha felicidade independe dessa minha visão romantizada da terrinha. Tudo que sinto é absolutamente normal, os momentos de estranhamento passam, se renovam e, dentro em pouco, estarei aqui novamente de bem com o meio que me cerca. Saber que as marés baixas vêm é importante, mas saber que elas se vão é o que faz meus dias. No mais, sou camaleoa. Absorvo, incorporo, me moldo, em tudo que é maleável de mim mesma. Navego por entre mundos muito distintos sem me sentir peixe fora d'água, adapto-me sem muito custo, vou pela vontade de experimentar, mesmo que a custo de cabeçadas. Porque eu sei que depois o que fica é o experimentar, as cabeçadas, de certa forma, ou viram histórias absurdas cheias de graça, ou são esquecidas. Simples assim.
Eu adoro quando faço perfeito sentido de minhas incongruências. Me sinto uma assumidade de minha própria incoerência.
Agora embalei, ninguém me segura.
Há que se constatar que o olhar de expatriados para com as origens sempre fica romantizado, assim como o das mães. A minha sempre diz que nós fomos bagunceiros normais, pois eu me lembro das coisas que fizemos e me arrepiam os cabelos imaginar que os meus vão repetir tudo aquilo no superlativo. Lá em casa sempre acabava com alguém soltando sangue, alguém com algo quebrado, alguém no hospital ou então muita gente correndo atrás de nós para uma esquentada de bunda. Mas ela acha os meus dois muito, MUITO mais terríveis do que fomos. Insisto que ela ou não se lembra, ou tem memória seletiva ou está me sacaneando. Ela então insiste que os meus dois são sim, muito, mas MUITO terríveis - ainda que não tenhamos no currículo, até o momento, nenhum ferido grave.
Aceito que o meu olhar romantiza muito do que é referência e do que ficou no passado. Porque a gente seleciona o que quer lembrar, guarda tudo aquilo de bom e renova aqui dentro as pequenas desgraças, deixando os desagrados para um pouco mais longe. Um exemplo, o trânsito daquela cidade maluca que é São Paulo. Eu, por aqui, deveria ter vegonha de reclamar do trânsito meia-boca que por vezes pego. Porque se tem dias em que demoro 45 minutos, 50, vá lá, 1 hora pra chegar em casa, em São Paulo poderiam ser horas, horas e horas. Então, reconheço que a memória envelhece e faz tudo ficar em cores pastéis e, de alguma forma, eu não me lembro do sofrimento no trânsito de São Paulo.
Lido, algumas vezes, na base do humor: quem sabe rir de si é seguramente mais feliz do que os ranhetas e broncos. Mas, como eu não sou e nem nunca fui lady, tem dias em que o humor vai dar um passeio e o que me resta é a frustração, indignação, incômodo e, de certa forma, essa melancolia por aquela vida romantizada que chamo de casa.
Nunca fiz planos de voltar ao Brasil, e nem mesmo nessas horas faço. ASsim reafirmo que a minha felicidade independe dessa minha visão romantizada da terrinha. Tudo que sinto é absolutamente normal, os momentos de estranhamento passam, se renovam e, dentro em pouco, estarei aqui novamente de bem com o meio que me cerca. Saber que as marés baixas vêm é importante, mas saber que elas se vão é o que faz meus dias. No mais, sou camaleoa. Absorvo, incorporo, me moldo, em tudo que é maleável de mim mesma. Navego por entre mundos muito distintos sem me sentir peixe fora d'água, adapto-me sem muito custo, vou pela vontade de experimentar, mesmo que a custo de cabeçadas. Porque eu sei que depois o que fica é o experimentar, as cabeçadas, de certa forma, ou viram histórias absurdas cheias de graça, ou são esquecidas. Simples assim.
Eu adoro quando faço perfeito sentido de minhas incongruências. Me sinto uma assumidade de minha própria incoerência.
Saturday, October 24, 2009
De post em post
Minha nossa senhora, mas o que foi que aconteceu? Sumi. Tantas coisas, que nem sei por onde começar. Talvez pelo final: hoje foi um dia de corrida, sogra na área, jantar e despedida - amanhã Zé Mané vai pra Holanda para passar um pouco da semana e meia dele de break.
Meus pais já se foram, a estadia foi muito boa. Chego até a pensar que meu Zé Mané ficou menos hooligan. Avós deveriam estar mais juntos dos meus pequenos, seguramente fazem bem. E agora eles já voltaram em vôo separados, como de hábito. Conseguimos falar hoje, somente, por conta da vida atropelada.
E tanta coisa aconteceu no meio do caminho que eu mesma já fico cansada só de lembrar. Um pequeno hiato nessa correria toda é, justamente, que minha corrida ficou totalmente esquecida. Esportes não estiveram em voga... Mas, Ok, hoje fui correr e foi ótimo. Meus músculos têm memória melhor do que meu cérebro, isso é fato.
Ultimamente passo por aquela fase que todo expatriado passa, aquele baixo profundo, em que vc sente que quase 10 anos de janela não serviram nem um tiquinho para aproximá-la da cultura com a qual vc convive. Algumas pequenas encheções de saco, no meio dessa vida movimentada que me tiram realmente do sério. Nesses dias constato que não mudei nada, que não sou nada diferente do que um dia fui, aos 16 anos, com toda a minha vida passada em solo brasileiro... E de uma certa forma, é bom estar ocupada, porque então quase nem lembro dessa francesada que me irrita profundamente.
Minha nossa senhora, mas o que foi que aconteceu? Sumi. Tantas coisas, que nem sei por onde começar. Talvez pelo final: hoje foi um dia de corrida, sogra na área, jantar e despedida - amanhã Zé Mané vai pra Holanda para passar um pouco da semana e meia dele de break.
Meus pais já se foram, a estadia foi muito boa. Chego até a pensar que meu Zé Mané ficou menos hooligan. Avós deveriam estar mais juntos dos meus pequenos, seguramente fazem bem. E agora eles já voltaram em vôo separados, como de hábito. Conseguimos falar hoje, somente, por conta da vida atropelada.
E tanta coisa aconteceu no meio do caminho que eu mesma já fico cansada só de lembrar. Um pequeno hiato nessa correria toda é, justamente, que minha corrida ficou totalmente esquecida. Esportes não estiveram em voga... Mas, Ok, hoje fui correr e foi ótimo. Meus músculos têm memória melhor do que meu cérebro, isso é fato.
Ultimamente passo por aquela fase que todo expatriado passa, aquele baixo profundo, em que vc sente que quase 10 anos de janela não serviram nem um tiquinho para aproximá-la da cultura com a qual vc convive. Algumas pequenas encheções de saco, no meio dessa vida movimentada que me tiram realmente do sério. Nesses dias constato que não mudei nada, que não sou nada diferente do que um dia fui, aos 16 anos, com toda a minha vida passada em solo brasileiro... E de uma certa forma, é bom estar ocupada, porque então quase nem lembro dessa francesada que me irrita profundamente.
Monday, September 28, 2009
Wednesday, September 23, 2009
Do que ainda existe a ser dito
A sumida é por conta das mil coisas da vida, não ando de mal com blog, e apesar da ocupação geral, ando assim, meio sem assunto. O que pululava outrora já não mais urge - sei que de quando em vez entro em fases de poucas palavras e creio que essa hora badalou encore une fois. E daqui a pouco eu vou escrever um monte, talvez até mesmo nesse post, e trocar de ladainha, só pra me contrariar.
Cortei os cabelos. Tosei mesmo. Senhorio chegou em casa e não viu, como por mim premeditado. Não percebeu, não se deu conta. Tipo cortei uns 20 cm de cabelo, o que era pra baixo dos ombros ficou na orelha. ELe chega e eu espero a (falta de) reação. Nada. Então digo, helloooooo, senhorio, helloooooo. E ele, o que? Eu, mas não é possível mesmo... E ele, o que foi que eu fiz? Nem respondi, deixei o assunto. Depois, lá na hora em que fomos nos deitar ele vira e diz: hey, vc por um acaso cortou o cabelo?
Acho que se bobear ainda volto lá e toso ainda mais curto. Outro dia conversarva com uma amiga por email, e confessei-lhe minha necessidade em começar a usar ao menos alguma coisa de maquiagem - nem que seja um batom. Fora aquelas ocasiões em que é praticamente obrigatória (natal, casamento e festa de final de ano), maquiagem para mim sempre foi sinônimo de ostracismo. Os meus vários batons, rímeis, sombras, lápis, corretores, bases e afins ficavam esquecidos no armário até que uma daquelas ocasiões obrigatórias chegassem. E bem, bem que agora eu sou uma mulher de 36, indo pra 37. Como disse à tal amiga, se assim continuar qualquer dia vou assustar criancinha na rua. A cara já não acorda como outrora, com aquela possibilidade de dessamassar com a ducha matinal, e a pele já não mais fica apresentável somente com o sabãozinho neutro. Não. Felizes são os homens que só têm que fazer a barba, juntar as rugas e as cãs e colocar a cara na rua do mesmo jeito - fora que perdem menos tempo durante as manhãs. Eu, que sempre fui garçon manqué, ou moleca, resisti ao máximo que pude. Mas reconheço que é chegada a hora de jogar a toalha e fazer alguma coisa para que, ao menos, eu não seja considerada a bruxa das redondezas. Wow, minha vida não cessa de glamourizar. E, surpresas das surpresas, outro dia botei a cara básica (rímel, lápis e gloss) para irmos jantar fora e senhorio sai pela tangente de sua própria curva e solta:
"ué, mas por que vc está usando maquiagem? vc é tão linda sem, não põe não"
Eu juro que não entendo.
A sumida é por conta das mil coisas da vida, não ando de mal com blog, e apesar da ocupação geral, ando assim, meio sem assunto. O que pululava outrora já não mais urge - sei que de quando em vez entro em fases de poucas palavras e creio que essa hora badalou encore une fois. E daqui a pouco eu vou escrever um monte, talvez até mesmo nesse post, e trocar de ladainha, só pra me contrariar.
Cortei os cabelos. Tosei mesmo. Senhorio chegou em casa e não viu, como por mim premeditado. Não percebeu, não se deu conta. Tipo cortei uns 20 cm de cabelo, o que era pra baixo dos ombros ficou na orelha. ELe chega e eu espero a (falta de) reação. Nada. Então digo, helloooooo, senhorio, helloooooo. E ele, o que? Eu, mas não é possível mesmo... E ele, o que foi que eu fiz? Nem respondi, deixei o assunto. Depois, lá na hora em que fomos nos deitar ele vira e diz: hey, vc por um acaso cortou o cabelo?
Acho que se bobear ainda volto lá e toso ainda mais curto. Outro dia conversarva com uma amiga por email, e confessei-lhe minha necessidade em começar a usar ao menos alguma coisa de maquiagem - nem que seja um batom. Fora aquelas ocasiões em que é praticamente obrigatória (natal, casamento e festa de final de ano), maquiagem para mim sempre foi sinônimo de ostracismo. Os meus vários batons, rímeis, sombras, lápis, corretores, bases e afins ficavam esquecidos no armário até que uma daquelas ocasiões obrigatórias chegassem. E bem, bem que agora eu sou uma mulher de 36, indo pra 37. Como disse à tal amiga, se assim continuar qualquer dia vou assustar criancinha na rua. A cara já não acorda como outrora, com aquela possibilidade de dessamassar com a ducha matinal, e a pele já não mais fica apresentável somente com o sabãozinho neutro. Não. Felizes são os homens que só têm que fazer a barba, juntar as rugas e as cãs e colocar a cara na rua do mesmo jeito - fora que perdem menos tempo durante as manhãs. Eu, que sempre fui garçon manqué, ou moleca, resisti ao máximo que pude. Mas reconheço que é chegada a hora de jogar a toalha e fazer alguma coisa para que, ao menos, eu não seja considerada a bruxa das redondezas. Wow, minha vida não cessa de glamourizar. E, surpresas das surpresas, outro dia botei a cara básica (rímel, lápis e gloss) para irmos jantar fora e senhorio sai pela tangente de sua própria curva e solta:
"ué, mas por que vc está usando maquiagem? vc é tão linda sem, não põe não"
Eu juro que não entendo.
Monday, August 10, 2009
Tarantino
Ontem assistimos ao filme do Tarantino, Hell Ride. Sou suspeitíssima pra falar dele, de quem eu gosto muito desde muito tempo. E eu sempre, sem dúvida, me divirto com seus filmes, que são sempre cheios de graça e de muito sangue no tapete. Hell Ride provocou até reação de senhorio ontem, em comentário quanto aos personagens femininos, que de tão objetificados eram demasiadamente irreais - aquelas mulheres cheias de peitos e bundas irretocáveis e sempre prontas para seus machos. E, vale dizer, senhorio não é assim, tão observador. Tarantino não é pra ser levado a sério, ele é, pura e simplesmente, diversão.
Desde PulpFiction que escuto dizer que os filmes de Tarantino são muito violentos e que por isso muita gente não os assiste - eu já era fã desde muito antes. Pois eu acho um pouco complicado entender e mesmo aceitar tais impressões. Quase tudo que ele faz é tão, mas tão inverossímel que fica difícil levar a sério e, portanto, crer naquela violência. Seus filmes são geralmente um apanhado de clichês cinematográficos, adicionados com muita criatividade e montados com justa majesteza, mas sempre, indubitavelmente, restam como paródias. Não dá pra acreditar que Samuel L. Jackson recite passagens da bíblia antes de executar suas vítimas, não dá pra acreditar em uma boate de vampiros na fronteira dos EUA com o México, não dá mesmo pra acreditar na existência de assassinos sanguinolentos em um Hostel em Praga. Não dá. Assim como tampouco dá pra crer naquela coisa de mulher da Uma com uma espada degolando, amputando e decapitando. No entanto, não deixa de arrancar risadas quando ela arranca o único olho de uma vilã - e mesmo que humor seja algo pessoal, cultural e de lua, não é possível que alguém leve aquilo tudo a ferro e fogo. Não dá pra não rir, e para aqueles a quem o riso não jorra, não dá mesmo pra assumir que seja um centelho verossímil sem duvidar da capacidade do intelecto da pessoa. Ao meu ver, quem consegue ver a sua violência como algo real, possível, tangível, é quem precisa de ajuda - não?
Óbvio que consigo entender quem não goste do seu gênero ou do seu estilo. Gosto, meus caros, é gosto, e de gosto não dá mesmo pra falar. Nunca gostei de Maria Betânia, não gosto e pronto. Não gosto de fígado. Não gosto de pagode. Não gosto de gente chata. Não gostei de Titanic. Isso é gosto, pessoal e intransferível, e ainda que gosto possa mudar, gostar não é imposto. Gosta-se ou não, e pronto. Aceitar isso, eu aceito. Mas dizer que, para justificar o desgosto, há que se apedrejar o excesso de violência de seus filmes, como causa para a juventude em transgressão, aí já é um pouco demasiado. Portanto, aos amantes de Tarantino, Hell Ride não é um filmaço, mas se vc gosta do gênero, é diversão na certa. Muito non-sense, muito sangue no tapete, muita avacalhação. Vai fundo.
Ontem assistimos ao filme do Tarantino, Hell Ride. Sou suspeitíssima pra falar dele, de quem eu gosto muito desde muito tempo. E eu sempre, sem dúvida, me divirto com seus filmes, que são sempre cheios de graça e de muito sangue no tapete. Hell Ride provocou até reação de senhorio ontem, em comentário quanto aos personagens femininos, que de tão objetificados eram demasiadamente irreais - aquelas mulheres cheias de peitos e bundas irretocáveis e sempre prontas para seus machos. E, vale dizer, senhorio não é assim, tão observador. Tarantino não é pra ser levado a sério, ele é, pura e simplesmente, diversão.
Desde PulpFiction que escuto dizer que os filmes de Tarantino são muito violentos e que por isso muita gente não os assiste - eu já era fã desde muito antes. Pois eu acho um pouco complicado entender e mesmo aceitar tais impressões. Quase tudo que ele faz é tão, mas tão inverossímel que fica difícil levar a sério e, portanto, crer naquela violência. Seus filmes são geralmente um apanhado de clichês cinematográficos, adicionados com muita criatividade e montados com justa majesteza, mas sempre, indubitavelmente, restam como paródias. Não dá pra acreditar que Samuel L. Jackson recite passagens da bíblia antes de executar suas vítimas, não dá pra acreditar em uma boate de vampiros na fronteira dos EUA com o México, não dá mesmo pra acreditar na existência de assassinos sanguinolentos em um Hostel em Praga. Não dá. Assim como tampouco dá pra crer naquela coisa de mulher da Uma com uma espada degolando, amputando e decapitando. No entanto, não deixa de arrancar risadas quando ela arranca o único olho de uma vilã - e mesmo que humor seja algo pessoal, cultural e de lua, não é possível que alguém leve aquilo tudo a ferro e fogo. Não dá pra não rir, e para aqueles a quem o riso não jorra, não dá mesmo pra assumir que seja um centelho verossímil sem duvidar da capacidade do intelecto da pessoa. Ao meu ver, quem consegue ver a sua violência como algo real, possível, tangível, é quem precisa de ajuda - não?
Óbvio que consigo entender quem não goste do seu gênero ou do seu estilo. Gosto, meus caros, é gosto, e de gosto não dá mesmo pra falar. Nunca gostei de Maria Betânia, não gosto e pronto. Não gosto de fígado. Não gosto de pagode. Não gosto de gente chata. Não gostei de Titanic. Isso é gosto, pessoal e intransferível, e ainda que gosto possa mudar, gostar não é imposto. Gosta-se ou não, e pronto. Aceitar isso, eu aceito. Mas dizer que, para justificar o desgosto, há que se apedrejar o excesso de violência de seus filmes, como causa para a juventude em transgressão, aí já é um pouco demasiado. Portanto, aos amantes de Tarantino, Hell Ride não é um filmaço, mas se vc gosta do gênero, é diversão na certa. Muito non-sense, muito sangue no tapete, muita avacalhação. Vai fundo.
Thursday, July 09, 2009
Confabulada
Tenho aberto a janelinha de posts do blogger com total insucesso. Parece não haver muita coisa pra sair de mim, ainda que muita coisa aconteça. Enfim, pra mudar de nota, eu vi aquele show "slash" funeral na terça-feira, e tenho que dizer, senhores, que variei entre admiração pelos artistas, discursos e performers e uma sensação de estar assistindo algo muito, muito bizarro. Ao menos, agora, pararemos de falar dos narizes alheios.
Essa fase do 30 e qualquer coisa indo para os os 30 e tantos tem sido um tanto bizarra. Entre a total vida adulta assumida, de filhos, casa, trabalho e o que o valha e os questionamentos que sobram sobre rumos, vida, felicidade e paz há tanto, mas tanto a falar que fica difícil saber até mesmo por onde começar. O que sempre me traz a sensação de relativa tranqüilidade com relação às minhas escolhas é o conhecimento dessa vida e que, por mais complexa que ela possa parecer, eu a escolheria novamente. Isso talvez indique que esteja eu contente e certa das minhas escolhas, mas nem tudo é tão preto no branco ou coeso, para ninguém. De certa forma, há muito sangue, suor e lágrimas, há um esforço realmente muito grande para a troca com os prazeres, o que não necessariamente era verdade quando penso na minha outra vida, aquela solteira, childless, com muito trabalho e tempo de sobra pra mim. No entanto, reconheço que a memória romantiza o passado, e sei que ali, naquele meu momento, o sangue-suor-e-lágrimas também rolavam soltos.
Li um post dela sobre esse cumprimento de atividades e sequência de fatos que ocorrem nessas vidas adultas, de gentes e pessoas com, talvez, escolhas parecidas com as minhas. De certa forma eu me vejo nesse eterno cumprimento de tarefas, nessa seqüência de obrigações, e creio que a comparação com a gincana que ela fez é muito apropriada. E não há poréns, não há nenhum "mas", não há nenhuma sublimação da vida de mãe, profissional, mulher, esposa e dona-do-lar. Há somente, em um âmbito totalmente pessoal, particular e individual, a constatação de que esse foi meu caminho, essas foram as minhas escolhas, e por mais difícil que minha vida possa parecer a mim e aos olhos de outrem, por mais complicada, por mais ausente de contrapontos, de honras ao mérito, ela resta ainda como uma seqüência de escolhas que foram por mim feitas em busca daquilo que todo mundo busca, aquela tal felicidade.
É óbvio que ao longo de escolhas erramos e acertamos, aprendemos, fazemos ajustes que nos são cabíveis. Daí a minha reticência em aceitar soluções genéricas, daí meu desprezo com livros de auto-ajuda, daí minha certa aversão aos movimentos de boiada. Tenho consciência de que minha vida, por mais ordinária que seja, por mais que eu reconheça que ela seja exatamente isso, é, contraditoriamente, única, única em suas escolhas, única em sua história. Talvez nada disso pareça fazer sentido, mas a verdade é que eu tento dar sentido ao que para mim parece fazer sentido.
Existe uma certa aura de que o que é especial é o que sai da norma. Pois eu posso me considerar hors-concours em diversas instâncias, ao mesmo tempo em que posso me considerar totalmente ordinária em tantas outras. No entanto, acho que o conceito do que é especial como sendo o que sai da norma um dos grandes equívocos da Humanidade. Não se trata de uma constatação do óbvio, haja visto que Mozarts restarão Mozarts, Michael Jacksons restarão Michael Jacksons e Nyemyers idem. Mas, parafraseando esse último, essa assumidade da arquitetura, esse ícone mundial de origem tupiquim, tudo isso não é importante para um indivíduo, o que resta importante para o indivíduo é a própria realização pessoal, é a própria felicidade, é trilhar o caminho que corresponda ao próprio conceito de beleza, de sublimação. POrque ao final, ao final é isso o que importa, são as pessoas, são os carinhos, são os amores que importam, são os prazeres, as escolhas que nos levaram a viver o que para cada um de nós nos trouxe o que mais aproximadamente se encaixava como quisto. E só.
Tenho aberto a janelinha de posts do blogger com total insucesso. Parece não haver muita coisa pra sair de mim, ainda que muita coisa aconteça. Enfim, pra mudar de nota, eu vi aquele show "slash" funeral na terça-feira, e tenho que dizer, senhores, que variei entre admiração pelos artistas, discursos e performers e uma sensação de estar assistindo algo muito, muito bizarro. Ao menos, agora, pararemos de falar dos narizes alheios.
Essa fase do 30 e qualquer coisa indo para os os 30 e tantos tem sido um tanto bizarra. Entre a total vida adulta assumida, de filhos, casa, trabalho e o que o valha e os questionamentos que sobram sobre rumos, vida, felicidade e paz há tanto, mas tanto a falar que fica difícil saber até mesmo por onde começar. O que sempre me traz a sensação de relativa tranqüilidade com relação às minhas escolhas é o conhecimento dessa vida e que, por mais complexa que ela possa parecer, eu a escolheria novamente. Isso talvez indique que esteja eu contente e certa das minhas escolhas, mas nem tudo é tão preto no branco ou coeso, para ninguém. De certa forma, há muito sangue, suor e lágrimas, há um esforço realmente muito grande para a troca com os prazeres, o que não necessariamente era verdade quando penso na minha outra vida, aquela solteira, childless, com muito trabalho e tempo de sobra pra mim. No entanto, reconheço que a memória romantiza o passado, e sei que ali, naquele meu momento, o sangue-suor-e-lágrimas também rolavam soltos.
Li um post dela sobre esse cumprimento de atividades e sequência de fatos que ocorrem nessas vidas adultas, de gentes e pessoas com, talvez, escolhas parecidas com as minhas. De certa forma eu me vejo nesse eterno cumprimento de tarefas, nessa seqüência de obrigações, e creio que a comparação com a gincana que ela fez é muito apropriada. E não há poréns, não há nenhum "mas", não há nenhuma sublimação da vida de mãe, profissional, mulher, esposa e dona-do-lar. Há somente, em um âmbito totalmente pessoal, particular e individual, a constatação de que esse foi meu caminho, essas foram as minhas escolhas, e por mais difícil que minha vida possa parecer a mim e aos olhos de outrem, por mais complicada, por mais ausente de contrapontos, de honras ao mérito, ela resta ainda como uma seqüência de escolhas que foram por mim feitas em busca daquilo que todo mundo busca, aquela tal felicidade.
É óbvio que ao longo de escolhas erramos e acertamos, aprendemos, fazemos ajustes que nos são cabíveis. Daí a minha reticência em aceitar soluções genéricas, daí meu desprezo com livros de auto-ajuda, daí minha certa aversão aos movimentos de boiada. Tenho consciência de que minha vida, por mais ordinária que seja, por mais que eu reconheça que ela seja exatamente isso, é, contraditoriamente, única, única em suas escolhas, única em sua história. Talvez nada disso pareça fazer sentido, mas a verdade é que eu tento dar sentido ao que para mim parece fazer sentido.
Existe uma certa aura de que o que é especial é o que sai da norma. Pois eu posso me considerar hors-concours em diversas instâncias, ao mesmo tempo em que posso me considerar totalmente ordinária em tantas outras. No entanto, acho que o conceito do que é especial como sendo o que sai da norma um dos grandes equívocos da Humanidade. Não se trata de uma constatação do óbvio, haja visto que Mozarts restarão Mozarts, Michael Jacksons restarão Michael Jacksons e Nyemyers idem. Mas, parafraseando esse último, essa assumidade da arquitetura, esse ícone mundial de origem tupiquim, tudo isso não é importante para um indivíduo, o que resta importante para o indivíduo é a própria realização pessoal, é a própria felicidade, é trilhar o caminho que corresponda ao próprio conceito de beleza, de sublimação. POrque ao final, ao final é isso o que importa, são as pessoas, são os carinhos, são os amores que importam, são os prazeres, as escolhas que nos levaram a viver o que para cada um de nós nos trouxe o que mais aproximadamente se encaixava como quisto. E só.
Friday, July 03, 2009
Ortografia jurássica
Eu não falei da revisão ortográfica até hoje, e como se pode perceber, continuo a escrever acentuando paroxítonas terminadas em ditongo crescente e metendo crases onde devo. Analisando a coisa toda muito friamente, acho que seria aceitável dizer que sou uma dinossaura, que o movimento da humanidade traz as mudanças, e eu fico parada no tempo. Tudo bem, apesar de ser relativamente antenada nas últimas do mundinho tecno-pop eu confessadamente não gosto de jogar video game, não tenho ipod (mas acho que lentamente me convenço da idéia) e ainda não me liguei no tal do Twitter. E eu não ligo. É verdade que o uso da língua vem como norma imposta, bem ao estilo de legislação penal. Mas eu já prestei vestibular e não tenho que provar meus recursos gramaticais ou lingüísticos a quem quer que seja. Imagine, eu, aos 36 anos, ter que fazer revisão de regras da língua portuguesa diante de trabalho, casa, filhos, sogros, chefes e o raio que o parta a minha frente. Hum... I don't think so. O que quero dizer é que eu não tenho nada contra a revisão ou evolução da língua portuguesa. Eu simplesmente não tenho disposição e nem vontade de perder nem um fio de cabelo com o assunto. E esse parágrafo já foi além da tal disposição.
Sim, minha vida continua naquele emaranhado de longas horas no trabalho, muitas coisas pra fazer, casa que não termina, crianças, marido, au-pair, viagens e no meio disso tudo, as coisas que quebram vêm adicionar aquele movimento completamente desnecessário. Pois então que a tinta do teto do térreo deu umas bolhas, e lá fui eu ligar pro nosso construtor, que veio constatar o problema e que agora tem que mandar o pintor. O negócio é que basta vc descobrir um nadinha de nada que vira uma cadeia em movimento de coisas a serem geridas. Pois a bolhinha do teto virou uma sucessão de eventos. E por isso, ultimamente, eu não quero descobrir nada de novo. Quero somente o prazer de alguma tranqüilidade com minha vida no maior marasmo. MAs acho que isso seja demais a pedir.
Esse final de semana não sei o que será. SEmana que vem no trabalho tenho dois dias entregues a um projeto e só de pensar no estado da caixa de entrada do email já me dá agonia. Mas, vam'bora. Pra frente é que se anda.
Eu não falei da revisão ortográfica até hoje, e como se pode perceber, continuo a escrever acentuando paroxítonas terminadas em ditongo crescente e metendo crases onde devo. Analisando a coisa toda muito friamente, acho que seria aceitável dizer que sou uma dinossaura, que o movimento da humanidade traz as mudanças, e eu fico parada no tempo. Tudo bem, apesar de ser relativamente antenada nas últimas do mundinho tecno-pop eu confessadamente não gosto de jogar video game, não tenho ipod (mas acho que lentamente me convenço da idéia) e ainda não me liguei no tal do Twitter. E eu não ligo. É verdade que o uso da língua vem como norma imposta, bem ao estilo de legislação penal. Mas eu já prestei vestibular e não tenho que provar meus recursos gramaticais ou lingüísticos a quem quer que seja. Imagine, eu, aos 36 anos, ter que fazer revisão de regras da língua portuguesa diante de trabalho, casa, filhos, sogros, chefes e o raio que o parta a minha frente. Hum... I don't think so. O que quero dizer é que eu não tenho nada contra a revisão ou evolução da língua portuguesa. Eu simplesmente não tenho disposição e nem vontade de perder nem um fio de cabelo com o assunto. E esse parágrafo já foi além da tal disposição.
Sim, minha vida continua naquele emaranhado de longas horas no trabalho, muitas coisas pra fazer, casa que não termina, crianças, marido, au-pair, viagens e no meio disso tudo, as coisas que quebram vêm adicionar aquele movimento completamente desnecessário. Pois então que a tinta do teto do térreo deu umas bolhas, e lá fui eu ligar pro nosso construtor, que veio constatar o problema e que agora tem que mandar o pintor. O negócio é que basta vc descobrir um nadinha de nada que vira uma cadeia em movimento de coisas a serem geridas. Pois a bolhinha do teto virou uma sucessão de eventos. E por isso, ultimamente, eu não quero descobrir nada de novo. Quero somente o prazer de alguma tranqüilidade com minha vida no maior marasmo. MAs acho que isso seja demais a pedir.
Esse final de semana não sei o que será. SEmana que vem no trabalho tenho dois dias entregues a um projeto e só de pensar no estado da caixa de entrada do email já me dá agonia. Mas, vam'bora. Pra frente é que se anda.
Monday, June 29, 2009
De volta ao mundo dos vivos
Minha nossa senhora, o que aconteceu no mês de junho? Resolveram deliberadamente colocar tudo junto só pra me sacanear? Enfim, hoje é quase findo esse mesinho safado que me tirou o couro, me pisoteou e quase acabou comigo. Juro que vários pensamentos apocalípticos passaram por minha cabecinha... Enfim, agora, nessa nova semana cá estou. Exausta, mas estou. Como em outras ocasiões, apenas os nomes das coisas: budget, consultation week, festa do staff, venda do staff, aniversário, família, família, sofá.
E eu deveria lançar o manual da minha genitora, uma coletânea de suas palavras sempre motivadoras e benvindas em horas de desespero. Pois ontem, eu no meu estado completamente acabado, fui presenteada com palavras que dão aquele empurrãozinho (ladeira abaixo) e que dão aquela injeção de (des)ânimo. :o) Mas, dou-lhe todo o crédito, se eu agüento muita coisa é porque fui bem treinada em casa.
E essa semana continua cheia de novidades e coisas acontecendo. Mas hoje, ah, hoje a casa pode cair que eu vou-me embora em horário decente. Mesmo porque, eu mal estou me agüentando em pé. Depois eu volto, quando estiver um pouco menos confusa acerca de tudo, myself included.
Minha nossa senhora, o que aconteceu no mês de junho? Resolveram deliberadamente colocar tudo junto só pra me sacanear? Enfim, hoje é quase findo esse mesinho safado que me tirou o couro, me pisoteou e quase acabou comigo. Juro que vários pensamentos apocalípticos passaram por minha cabecinha... Enfim, agora, nessa nova semana cá estou. Exausta, mas estou. Como em outras ocasiões, apenas os nomes das coisas: budget, consultation week, festa do staff, venda do staff, aniversário, família, família, sofá.
E eu deveria lançar o manual da minha genitora, uma coletânea de suas palavras sempre motivadoras e benvindas em horas de desespero. Pois ontem, eu no meu estado completamente acabado, fui presenteada com palavras que dão aquele empurrãozinho (ladeira abaixo) e que dão aquela injeção de (des)ânimo. :o) Mas, dou-lhe todo o crédito, se eu agüento muita coisa é porque fui bem treinada em casa.
E essa semana continua cheia de novidades e coisas acontecendo. Mas hoje, ah, hoje a casa pode cair que eu vou-me embora em horário decente. Mesmo porque, eu mal estou me agüentando em pé. Depois eu volto, quando estiver um pouco menos confusa acerca de tudo, myself included.
Sunday, June 14, 2009
Sunday afternoon
I had a morning of children and pool. Got home, ate some chicken pie, fed my delicious stroganoff to the kids, had ice cream and now I am plugged on a Heroes marathon showing the second season. I really don’t know why I am writing in English, except that I had an urge for it.
This weekend has been busy but relaxing. Although I am not able to do as much sports as I had wished for, I like being active, out and about. I’d only wished that my friends were closer, and that we could make barbecue on a last minute call… It’s a European thing, this need for planning weekends in advance. If you try connecting with anyone for an impromptu meeting, everyone is caught on something or is miles and miles away. I must confess I am not much of an advance planner, as I am rather on the spontaneous decision making profile. Therefore, the environment and I don’t go very well on that end. But hey, life will not be perfect all around and although it is a very big cliché, I not only believe in it but also live my life by it.
So, this very ordinary life has also been around the virtual world during this afternoon. And, oh dear, does it deserve a comment? I’d guess not, except for my astonishment at wannabes trying their hardest to casually show how cool, fashionable and somewhat full of money they are. There are just a gazillion ways of doing that, from naming the price to the item technique to displaying of casual (not!) pictures that are screaming designers all over them. It’s like a bunch of big brother contestants dying for attention and walking that non-intentional extra mile to show off.
That means that, apart from Heroes, my afternoon was somewhat frustrating. Somehow I expect evolution from the world, but fact is it stays as dull as ever.
I had a morning of children and pool. Got home, ate some chicken pie, fed my delicious stroganoff to the kids, had ice cream and now I am plugged on a Heroes marathon showing the second season. I really don’t know why I am writing in English, except that I had an urge for it.
This weekend has been busy but relaxing. Although I am not able to do as much sports as I had wished for, I like being active, out and about. I’d only wished that my friends were closer, and that we could make barbecue on a last minute call… It’s a European thing, this need for planning weekends in advance. If you try connecting with anyone for an impromptu meeting, everyone is caught on something or is miles and miles away. I must confess I am not much of an advance planner, as I am rather on the spontaneous decision making profile. Therefore, the environment and I don’t go very well on that end. But hey, life will not be perfect all around and although it is a very big cliché, I not only believe in it but also live my life by it.
So, this very ordinary life has also been around the virtual world during this afternoon. And, oh dear, does it deserve a comment? I’d guess not, except for my astonishment at wannabes trying their hardest to casually show how cool, fashionable and somewhat full of money they are. There are just a gazillion ways of doing that, from naming the price to the item technique to displaying of casual (not!) pictures that are screaming designers all over them. It’s like a bunch of big brother contestants dying for attention and walking that non-intentional extra mile to show off.
That means that, apart from Heroes, my afternoon was somewhat frustrating. Somehow I expect evolution from the world, but fact is it stays as dull as ever.
Tuesday, June 09, 2009
Eu creio, tu crês, ele crê
Todo mundo já sabe que não sou provida de fé, e também todo mundo está cansado de saber que respeito muito a fé alheia. Admiro quem consegue acreditar em um poder que não é palpável e nem evidente; que não deixa rastro algum de sua existência. Ter fé é um dom e um presente, e algumas vezes, um inconveniente. Mas, como eu não tenho fé, não venho em absoluto falar daqueles que acreditam, mas sim, destes aqui como eu, que não vêem nem esperam nada além da vida.
Agora que passou um pouco a onda de estupefação, e em uma atitude completamente contrária ao que sou (intempestiva), venho falar do acidente. Porque desde quando aquele avião caiu - e aqui a relação com o tal avião deva ser porque eu voe justamente com aquela companhia, não exatamente aquela rota - que não paro de pensar nos 4 a 5 minutos entre a primeira pane e o fatal mergulho no mar. Não sei porque, e talvez aqui indique meu caráter um pouco funesto, mas não consigo parar de pensar nesses minutos e no que se passou na cabeça das pessoas. Sei que esses parágrafos vieram cheios de adendos, vírgulas e sobreposições. Talvez assim dê pra entender como me sinto.
Em outra nota mais animada, minha genitora, aquela pessoa possuída de tanta psicologia, estava em uma cruzada para conseguir convencer minha sobrinha, sua neta, a vir nos visitar. Minha sobrinha morre de medo de voar, nunca voou, do alto de seus 11 anos, achamos assim, muito estranho, visto que esse pavor vem da mais tenra idade e sem explicação externa aparente. Ao que me minha mãe, tentando convencê-la, apontava-lhe todos os benefícios, passeios e descobertas envolvidos na perspectiva de vir me visitar. Ao que minha sobrinha então pergunta:
- Ah, mas vó, e se o avião cair?
E minha mãe, em uma demonstração de técnicas de convencimento da idade média:
- Ah, minha neta, mas se o avião cair a gente vai morrer. E aí eu não posso fazer nada!
Acho que minha sobrinha não vem até 2020. :o(
Todo mundo já sabe que não sou provida de fé, e também todo mundo está cansado de saber que respeito muito a fé alheia. Admiro quem consegue acreditar em um poder que não é palpável e nem evidente; que não deixa rastro algum de sua existência. Ter fé é um dom e um presente, e algumas vezes, um inconveniente. Mas, como eu não tenho fé, não venho em absoluto falar daqueles que acreditam, mas sim, destes aqui como eu, que não vêem nem esperam nada além da vida.
Agora que passou um pouco a onda de estupefação, e em uma atitude completamente contrária ao que sou (intempestiva), venho falar do acidente. Porque desde quando aquele avião caiu - e aqui a relação com o tal avião deva ser porque eu voe justamente com aquela companhia, não exatamente aquela rota - que não paro de pensar nos 4 a 5 minutos entre a primeira pane e o fatal mergulho no mar. Não sei porque, e talvez aqui indique meu caráter um pouco funesto, mas não consigo parar de pensar nesses minutos e no que se passou na cabeça das pessoas. Sei que esses parágrafos vieram cheios de adendos, vírgulas e sobreposições. Talvez assim dê pra entender como me sinto.
Em outra nota mais animada, minha genitora, aquela pessoa possuída de tanta psicologia, estava em uma cruzada para conseguir convencer minha sobrinha, sua neta, a vir nos visitar. Minha sobrinha morre de medo de voar, nunca voou, do alto de seus 11 anos, achamos assim, muito estranho, visto que esse pavor vem da mais tenra idade e sem explicação externa aparente. Ao que me minha mãe, tentando convencê-la, apontava-lhe todos os benefícios, passeios e descobertas envolvidos na perspectiva de vir me visitar. Ao que minha sobrinha então pergunta:
- Ah, mas vó, e se o avião cair?
E minha mãe, em uma demonstração de técnicas de convencimento da idade média:
- Ah, minha neta, mas se o avião cair a gente vai morrer. E aí eu não posso fazer nada!
Acho que minha sobrinha não vem até 2020. :o(
Friday, May 15, 2009
De nossas conversas
Senhorio e eu sempre conversamos sobre labuta, ele conta muito mais da sua do que eu da minha. Não basta ocupar as tantas horas, temos que prolongar (o por vezes sofrimento) e falar sobre. Nossas idas e vindas juntos no carro (ele me deixa aqui desde que mudou de trabalho) quase sempre são em volta disso.
Nunca fui de discorrer horrores sobre meus ofícios, primeiro porque outrora minhas contrapartes não entendiam patavinas do que eu fazia. O universo de vender dinheiro chega a ser um pouco etéreo para humanos em geral, e quando eu tentava explicar que era gerente de produtos a explicação embarcava para um lado tão técnico que eu me sentia em visita a clientes. Essa vida foi há muito, muito tempo. Depois, vim parar aqui onde estou, e continuo fazendo um trabalho técnico, mas que pode ser brevemente explicado, e sem grandes delongas. Obviamente, não dá uma idéia de tudo que faço, mas ao menos me localiza na multitude de tarefas que toda organização normalmente tem.
Ultimamente temos falado muito sobre essa coisa do trabalhar, e em como fomos de certa forma teleguiados a seguir determinado caminho. Mesmo eu, que tenho formações e experiências diversas, estou circunspecta em uma certa gama de atividades que posso performar. Quanto mais experiência se adquire, mais foco e especialização se tem e mais difícil fica de sair numa diagonal completamente nada a ver com sua atualidade. Outro dia ouvi de um dos grandes bambambans com quem trabalho que ele não acredita em generalistas - ao que senti um ui sendo emitido por meus neurônios. A porca se contorseu, porque eu sei que não fui feita para ser a magnânima da rebimboca da parafuseta - e muito menos eu quero. Eu gosto das amplitudes, das abrangências, das referências cruzadas. No mais, não sei se concordo plenamente com o dito, apesar de reconhecer que se trata da maioria.
E desse assunto, invariavelmente saio pela tangente e caio na análise do que eu faço. Se sou realizada no meu trabalho? Tem dias que sim, tem dias que não, acho que estou na média - mas ressalvo que amo a organização. Se me sentiria apta a fazer outra coisa? Minha resposta é sempre "Porque não?" Talvez eu esteja na contramão do que o mercado queira, mas eu nunca fui mesmo de seguir tendências - meu guarda-roupa que o diga. E no mais, como dizia aquele Paulo, a voz do povo é a voz da burrice. Nessas horas até eu acredito nele.
Senhorio e eu sempre conversamos sobre labuta, ele conta muito mais da sua do que eu da minha. Não basta ocupar as tantas horas, temos que prolongar (o por vezes sofrimento) e falar sobre. Nossas idas e vindas juntos no carro (ele me deixa aqui desde que mudou de trabalho) quase sempre são em volta disso.
Nunca fui de discorrer horrores sobre meus ofícios, primeiro porque outrora minhas contrapartes não entendiam patavinas do que eu fazia. O universo de vender dinheiro chega a ser um pouco etéreo para humanos em geral, e quando eu tentava explicar que era gerente de produtos a explicação embarcava para um lado tão técnico que eu me sentia em visita a clientes. Essa vida foi há muito, muito tempo. Depois, vim parar aqui onde estou, e continuo fazendo um trabalho técnico, mas que pode ser brevemente explicado, e sem grandes delongas. Obviamente, não dá uma idéia de tudo que faço, mas ao menos me localiza na multitude de tarefas que toda organização normalmente tem.
Ultimamente temos falado muito sobre essa coisa do trabalhar, e em como fomos de certa forma teleguiados a seguir determinado caminho. Mesmo eu, que tenho formações e experiências diversas, estou circunspecta em uma certa gama de atividades que posso performar. Quanto mais experiência se adquire, mais foco e especialização se tem e mais difícil fica de sair numa diagonal completamente nada a ver com sua atualidade. Outro dia ouvi de um dos grandes bambambans com quem trabalho que ele não acredita em generalistas - ao que senti um ui sendo emitido por meus neurônios. A porca se contorseu, porque eu sei que não fui feita para ser a magnânima da rebimboca da parafuseta - e muito menos eu quero. Eu gosto das amplitudes, das abrangências, das referências cruzadas. No mais, não sei se concordo plenamente com o dito, apesar de reconhecer que se trata da maioria.
E desse assunto, invariavelmente saio pela tangente e caio na análise do que eu faço. Se sou realizada no meu trabalho? Tem dias que sim, tem dias que não, acho que estou na média - mas ressalvo que amo a organização. Se me sentiria apta a fazer outra coisa? Minha resposta é sempre "Porque não?" Talvez eu esteja na contramão do que o mercado queira, mas eu nunca fui mesmo de seguir tendências - meu guarda-roupa que o diga. E no mais, como dizia aquele Paulo, a voz do povo é a voz da burrice. Nessas horas até eu acredito nele.
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