Friday, May 15, 2009

De nossas conversas

Senhorio e eu sempre conversamos sobre labuta, ele conta muito mais da sua do que eu da minha. Não basta ocupar as tantas horas, temos que prolongar (o por vezes sofrimento) e falar sobre. Nossas idas e vindas juntos no carro (ele me deixa aqui desde que mudou de trabalho) quase sempre são em volta disso.

Nunca fui de discorrer horrores sobre meus ofícios, primeiro porque outrora minhas contrapartes não entendiam patavinas do que eu fazia. O universo de vender dinheiro chega a ser um pouco etéreo para humanos em geral, e quando eu tentava explicar que era gerente de produtos a explicação embarcava para um lado tão técnico que eu me sentia em visita a clientes. Essa vida foi há muito, muito tempo. Depois, vim parar aqui onde estou, e continuo fazendo um trabalho técnico, mas que pode ser brevemente explicado, e sem grandes delongas. Obviamente, não dá uma idéia de tudo que faço, mas ao menos me localiza na multitude de tarefas que toda organização normalmente tem.

Ultimamente temos falado muito sobre essa coisa do trabalhar, e em como fomos de certa forma teleguiados a seguir determinado caminho. Mesmo eu, que tenho formações e experiências diversas, estou circunspecta em uma certa gama de atividades que posso performar. Quanto mais experiência se adquire, mais foco e especialização se tem e mais difícil fica de sair numa diagonal completamente nada a ver com sua atualidade. Outro dia ouvi de um dos grandes bambambans com quem trabalho que ele não acredita em generalistas - ao que senti um ui sendo emitido por meus neurônios. A porca se contorseu, porque eu sei que não fui feita para ser a magnânima da rebimboca da parafuseta - e muito menos eu quero. Eu gosto das amplitudes, das abrangências, das referências cruzadas. No mais, não sei se concordo plenamente com o dito, apesar de reconhecer que se trata da maioria.

E desse assunto, invariavelmente saio pela tangente e caio na análise do que eu faço. Se sou realizada no meu trabalho? Tem dias que sim, tem dias que não, acho que estou na média - mas ressalvo que amo a organização. Se me sentiria apta a fazer outra coisa? Minha resposta é sempre "Porque não?" Talvez eu esteja na contramão do que o mercado queira, mas eu nunca fui mesmo de seguir tendências - meu guarda-roupa que o diga. E no mais, como dizia aquele Paulo, a voz do povo é a voz da burrice. Nessas horas até eu acredito nele.

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