Tuesday, May 12, 2009

Meu post feminista
Ontem à noite assisti a um documentário super interessante sobre estudos sociológicos que abordam o papel da mulher e do homen na sociedade. Em como a sociedade, os amigos, os pais e etc moldam a mulher e o homem para determinados papéis. Gostei especialmente do estudo que endereçou as crianças : como elas se vêem e se projetam no mundo. A definição de papéis começa muito, muito cedo, a imagem das meninas em um pátio, na hora do recreio, brincando comedidamente, enquanto os meninos exploravam, corriam, brigavam foi um tapa na cara. Num exemplo com desempenho escolar, as meninas que estavam acima ou na média da sala diziam que não estavam bem, que poderiam fazer melhor, estudar mais. Enquanto meninos que estavam na média diziam estar muito bem. Essa auto-percepção demonstra o quanto as mulheres são mais inseguras e o impacto no desempenho profissional no futuro. Aidna me espanto, eram crianças de 7, 8 anos. A explicação ficou para todas as referências, desde livros, propagandas, os outros, enfim, o mundo está repleto de toda essa informação sexista. Um belo exemplo foi a análise que fizeram de livros infantis, e em como as referências são estereotipadas. Enquanto os meninos e homens exploram, viajam, lutam, as mulheres e meninas ficam inseridas, fechadas no mundo domiciliar. Surpresa alguma que já aos 7, 8 anos elas se sintam menos seguras de si. O mundo parece meter medo.

Reconheço que há um tanto da personalidade e da educação de cada um que irá influir em como um indivíduo (homem ou mulher) irá se relacionar com o mundo. E mesmo que tenha eu sido moleca, destemida e muito tomb boy, sei que todas as referências do universo feminino e do que a mulher representa, nessa sociedade que ainda não se definiu nem se ajustou para atender às necessidades das mulheres, me influenciaram.

Um grande tema que sempre vem à tona é a coisa da maternidade e da vida profissional. Que a maternidade traz perspectiva à vida de qualquer mãe é fato, mas isso não quer dizer que a vida profissional passa para um plano inferior. Acho que depois que virei mãe, melhorei enquanto profissional. Muito do que antes me estressava, agora já não mais estressa. Muito do que eu lutava ansiosamente para conseguir, agora lido com paciência. A serenidade dos últimos anos não foi conquistada pelo bater da cabeça na parede nem por grandes sessões de coaching, mas sim por ter um olhar sobre a vida um pouco diferente. No entanto, há ainda um grande estigma que cerca essas mulheres, mães e profissionais. Quantas vezes já não ouvi aquele velho disco riscado do "não se pode ter tudo". Tudo é relativo e cada um tem o que quer ter, é minha resposta padrão. A verdade, da qual não se fala, é que a sociedade ainda não se ajustou para acomodar essas mães profissionais. As empresas, ou a grande maioria delas, ainda não se ajustaram para potencializar as mães profissionais. Os homens tão pouco sabem como lidar com as mulheres, sejam elas profissionais, mães ou os dois ao mesmo tempo. E, vale dizer, o mundo governamental / empresarial é ainda gerido por uma massacradora maioria masculina e, portanto, são eles ainda que ditam as regras.

Uma coisa que muito me incomoda, no entanto, é em como as próprias mulheres dificultam a vida das mulheres. Aquele comentário do "não se pode ter tudo" é muito mais facilmente ouvido das bocas no mulherio. O julgamento da escolha da maternidade ao mesmo tempo em que se leva a vida profissional vem em sua grande maioria, das próprias mulheres. Ou aquelas que julgam outras por escolherem ser mães fulltime. Ou então aquelas que julgam aquelas que não querem ser mães. A necessidade de justificativa é em sua grande maioria iniciada por mulheres. Obviamente, constato então que nesse mundo feminino o maior inimigo do avanço da mulher é mesmo a própria mulher. O homem se encontra ali, meio sem saber como lidar com tudo isso, não ativamente impedindo, mas omisso por conta de sua ignorância com relação ao universo pink. Já as mulheres, auto-intitulando-se de total propriedade do assunto por justamente serem parte do conjunto, não economizam no julgamento, na culpabilização, na malhação e no questionamento. Porque se temos que lutar, impor e nos justificar, tudo isso tem que ser ao dobro e muito mais desgastante quando a audiência é feminina. E isso vale não somente no quesito maternidade ou vida profissional, mas em tantos outros assuntos.

Moral da história não tem. Só um lembrete a todas as mulheres de que talvez tenhamos que fazer um mea culpa generalizado.

3 comments:

Ma said...

Hoje em dia parece que nenhuma escolha está certa, tem sempre um(a) pra te fazer se sentir culpada e até nossa própria consciência nos prega peças. Se é mãe full-time é sinônimo de emburrecimento instantâneo pra uns, se trabalha fora de casa é a mãe impiedosa que não dá atenção aos filhos. Cansa, né? Beijos

Dani said...

acho que a redefinição dos papéis confunde a ambos. tendemos a pensar que os homens estão confusos e assustados com a mulher moderna, mas acho a mulher moderna também confusa.

Delma said...

Nossa moça, como VC ESCREVE...e o pior (sendo irônica) é que você escreve lindamente sobre qualquer assunto...invejo a capacidade de algumas pessoas de se comunicar e transmitir sentimentos bons, como no seu caso. Comigo acontece o contrário: sou super culta e letrada, mas numa conversa, não consigo cativar nem uma criança...
Parabéns...li um bocadinho dos seus causos....
Beijinhos, Margot