Monday, February 02, 2009

Longa data
O tenebroso inverno continua, as temperaturas baixas também, a neve cai religiosamente todo final de semana. AS crianças se esbaldam, senhorio reclama e eu observo. Porque a minha relação com o inverno é sadia. ASsim como aproveito esses dias de tiritar, agradeço quando os dias quentes de sol aparecem. Eu e o tempo temos uma coisa sem intempéries.

O blog tem ficado de escanteio. Semana passada eu mal tive tempo de escovar os dentes, quiçá de cuidar de blog. Tenho dessas semanas no tronco, de quando em vez, jornadas diárias muito, muito longas. Enquanto senhorio estava pelos lestes, eu estava aqui mas vi os pequenos tão pouco que parecia que havia eu também viajado. Como sempre me pergunto o porquê de levar tão a sério, tão a ferro e fogo e ter tantas responsabilidades adquiridas juntamente às impostas. Não sei. No entanto, vale bem constatar para mim mesma, ou algo assim, que o estresse que essas semanas normalmente me trazem dessa vez não foi o habitual. Sei que ando zen. Não sei ao certo nem como nem porquê. Mas ando.

Hooligans

Meus dois pequenos andam muito, muito hooligans. Outro dia, estando os dois a brincar no quarto do maior, houve um barulho seguido de choros da minha gordinha, que aliás não está mais gordinha, mas só barrigudinha. Como eu não estava em casa, foi nossa super au-pair quem relatou o fato. Ao que ela encontra os dois traquinas, a vítima estava com um calombo acima do bochecha e o, não se sabe se testemunha ou acusado, segurando-a pelas mãos. Se caiu, se foi alvo de algum objeto voador não identificado, tudo hipóteses, o sabido é que ela ficou com um roxo que se espalhou por volta do olho como se tivesse tomado um soco no meio das fuças. Um luxo.

Ontem estávamos no mesmo local brincando, ao que meu hooligan-mor fez que saiu do quarto, quando estava na verdade do lado de fora segurando no batente da porta fazendo joças para mim e a outra pequena. Essa última, na sua mania recentemente adquirida, dirigiu-se à porta e bateu-a, como que para fechá-la, e dizendo fecha, au revoir. O barulho da porta batendo contra os dedos do meu filho ainda está gravado aqui, uma coisa dura e abafada, seguido então pelos berros dele. Ela meio que entendeu que ele se machucou por conta da porta, mas tenho cá minhas dúvidas se saiba que foi ela quem bateu a porta, e portanto, quem machucou o irmão. Ele ganhou duas unhas roxas e uma história que contou o dia todo, pra mim, pro pai e pra au-pair.

Nós lá em casa éramos levadíssimos, e mesmo que meus pais digam que não era tanto assim, eu sei porque me lembro das poucas e boas que fizemos. Meu irmão me abriu 5 pontos na testa uma vez. N'outra ele ficou andando uma semana feito pirata, com um tapa-olho prescrito pelo médico (mais para curar-lhe os espíritos do que mal em si), porque eu havia esbugalhado seus olhos com meus dois polegares. Nós subíamos no telhado de casa, e por lá andávamos, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Pulávamos na casa do vizinho, trepávamos em mangueiras, lá no alto. Aprendi a nadar aos 2 anos porque simplesmente pulei na piscina sozinha, o que aliás creio ser uma das minhas primeiras memórias. Meus pais fizeram várias vezes as idas ao hospital, por conta de corte que precisava ser costurado, osso quebrado ou somente susto. Hoje eles parecem ter uma imagem de nós que beira o romantismo - de acordo com eles, éramos levados, mas levados sadios.

Um dia eu chego lá, nesse mesmo romantimo. Por hora, lá em casa, é muito sangue, suor e lágrimas.

1 comment:

Dani said...

agora está explicado. por que será isso, que crianças adoram se machucar? mas se faz parte, faz parte :-) eu era muito quietinha, mas tinha lá os meus incidentes.
beijocas e tadinho do antonio, dedos presos são das piores coisas do mundo... =(