Wednesday, February 25, 2009

Biografia históricas

Estou na mesma fase histórica já há algum tempo. Lancei-me primeiramente na descoberta de Henry VIII e suas 6 mulheres. Vai ver que foi minha curiosidade pérfida para tentar entender o que tinha na cabeça esse personagem tão cabuloso da história, que não somente transformou o cenário protestante mundial, mas também demonstrou toda sua virulência no tratamento que deu às suas esposas e em sua obstinação por um herdeiro macho para o trono.

Interessantemente, desse homem sem muitos escrúpulos, veio Elizabeth I, filha dele com Ana Bolena, essa última sendo aquela que destronou Catarina de Aragão e que foi amplamente usada como peão político, mas que infelizmente acabou sem cabeça. E Elizabeth I, a filha da descabeçada com o inescrupuloso, foi uma rainha maravilhosa que transformou uma Inglaterra cansada das guerras e da cisão entre protestantes e católicos e estabeleceu um benchmarking inalcançável em matéria de feminismo. Ela desafiou todos os padrões com uma majestesa que restará imbatível. Elizabeth I é para mim O personagem histórico, ela não somente escreveu 70 anos de História, ela também mudou o mundo.

Na mesma época em que Elizabeth I e Mary Stuart, rainha da Escócia, que eram primas, reinaram, Catarina de Medici reinou na França. Catarina viu-se reinando quando seu filho regente, François II, e então marido de Mary Stuart (sim, aquela ali em cima), faleceu na tenra idade de 16 anos. Mary Stuart teve que voltar pra Escócia, país que para ela era praticamente estrangeiro, para reinar. Enquanto isso, Catarina ficou como rainha regente de seu filho Carlos IX, o segundo na linha de sucessão. Catarina governou uma França também cisionada entre católicos e protestantes. Infelizmente, nenhum de seus filhos homens vingou deixar herdeiros, já que morreram em circunstâncias trágicas e relativamente novos. O trono foi passado então para seu genro, Henry II, rei de NAvarra, e marido da rainha Margot (a-ha!). Aliás, foi uma noite após o casamento desses dois últimos que aconteceu a Noite de São Bartolomeu, quando milhares de hunguenotes (ou protestantes) foram massacrados em Paris.

Tudo isso pra falar que esse período da história é cheio de personagens importantes. Talvez o cenário religioso da época tenha contribuído para que fossem ainda mais acentuados, ou também o período de renascimento econômico europeu, ou as descobertas de novos horizontes, ou de tudo um pouco e um pouco de tudo. O fato é que eu ainda me impressiono com a quantidade de intrigas e golpes, os esquemas, estratagemas, espiões, correspondências e até mesmo a sorte (ou a falta dela) com a qual cada uma dessas figuras contou para que tivessem seus nomes marcados para toda a posteridade. Acho fascinante. O único porém é que biografias históricas são raramente bons livros. Li duas que foram tão bem escritas que mais pareciam romances. Uma a de Elizabeth I, por Alison Weir, a outra sobre Marie Antoinette, por Antonia Fraser, a rainha mais injustamente massacrada da história. As outras que li são sempre cheias de datas, nomes, correspondências e referências em detrimento da narrativa e o interesse pela História (com H maiúsculo) tem que se sobrepor ao prazer da leitura, é verdade.

Mary, Queen of Scots, and the murder of Lord Darnley, também por Alison Weir, não é tão bem escrito e é o livro que agora atravesso. Mas estou ávida por entender esse personagem que, por sede pelo trono inglês, agiu politicamente tão mal que praticamente determinou seu fim próprio nas mãos do carrasco. Um exemplo de suícidio político em que o político acaba realmente morto.

Devo ter matado de tédio alguém lendo essa joça, mas fazer o que, hoje estava a fim de falar desse meu lado obstinado com biografias históricas. A próxima da pilha é James I, filho de Mary of Scots com o assassinado Lord Darnley e que acabou herdando os tronos escocês e inglês. Wow. Minha vida é realmente de um glamour sem fim, não?

1 comment:

veridiana.ferrari said...

matado de tédio? ao contrário, adorei!
conte mais!

beijo