Monday, January 05, 2009

Politicamente incorreta

O ano mal começou e a vontade de escrever é nula, inexistente, zero. E então eu me pergunto, mas que raios venho fazer aqui? Força do hábito, necessidade de rotina, ou puro prazer masoquista? Ah, até blogs têm seu lado psicológico obscuro. Só que nos blogs eles raramente se revelam.

Lá no Facebook já lançaram mil campanhas, mil comunidades, mil coisas. Parece uma versão do orkut politicamente correta. Ao menos, eu ainda não vi nada fora das convenções, das normas. O máximo foram comunidades de fãs do rei de Madagascar (o desenho) ou causas com teor político. E só. Muito anglo-saxão aquele tal de facebook, não rola mesmo o tal do politicamente incorreto, humor de teor duvidoso, sátira escancarada ou piada escrachada.

Isso me fez pensar sobre algumas coisas, logicamente. Porque tenho que matutar, se não matutar ao menos umas 5 vezes por dia, não sou uma pessoa feliz. Ou algo assim. Porque é tão óbvio quando somos alvo das críticas do non-sense e explico. Sei bem que dizem por aí que o inferno está cheio de boas intenções, mas eu confesso que acho deveras, deveras estranho quando pessoas cobram certas atitudes de outrem, sobretudo quando essas pessoas mesmas não foram capazes de obedecer tais preceitos. Tudo soa muito bonito no papel, mas então que quando se descobre a podridão de onde vieram é que se vê o tamanho do descabimento. Então, na lata, olhando para o grande esquema das coisas, eu realmente não gosto do politicamente correto. POrque de princípio imbui todo ser humano de uma série de preceitos e regrinhas, geralmente acordada por um seleto grupo de pessoas, que se acham mais capazes do que outros para dizer o que deve ser considerado correto e o que não. Ninguém fez plebiscito, ninguém fez pesquisa pra saber a opnião de todos. Vejam bem, se eu tenho intimidade para chamar meu amigo, que é homossexual, de florzinha, a intimidade é minha e dela não abro mão - mesmo porque, uma coisa pode nem mesmo estar relacionada com a outra. Mas aí então vem a patrulha dizer que ele tem nele reprimida a perseguição da sociedade e que por isso aceita a alcunha, como se fosse uma forma de benedicção minha de sua condição de excluído. Detalhe: sem nem mesmo terem perguntado pra ele. E se perguntarem, e ele dizer que gosta e acha íntimo, a patrulha vai dizer que ele não sabe do que fala, porque milênios de perseguição deixaram marcas em seu processo evolutivo, e blablablabla. Evocam então o direito que ele tem, enquanto homossexual, enquanto pessoa, de ser tratado pelo que a convenção, leia-se patrulha, acordou ser o correto. Ora veja, ninguém foi perguntar pra ele. E se foram, ninguém ouviu sua réplica. Porque a própria patrulha já veio com uma série de pré-conceitos sobre a sua condição, dizendo que estou eu errada e melhor, dizendo que o meu amigo está errado, e eles certos. Eu digo que esse mundo está ao contrário.

Mas o que eu acho melhor mesmo, melhor de tudo, é a mesma pessoa que diz ser preconceituoso eu chamar meu amigo de florzinha, chamar a desconhecida da mesa de gostosa e boazuda sem ser nem em um instante rechaçado pela ala militante feminina. Ou então chamar fulano e beltrano de burro e ignorante, sem nem mesmo ser rechaçado pela ala militante dos burros e ignorantes. Eu juro que não entendo nada.

Portanto, militantes, patrulhas e afins, aqui na minha casa, não obrigada. E podem me chamar de mulherzinha que não dói.

1 comment:

Ma said...

É isso aí, assino embaixo! Quer saber a lista de patrulheiros que eu abomino? A da amamentação, das feministas, do parto normal e da cesárea, da cotas nas faculdades públicas etc etc etc e tal. E viva a opinião própria! Bjs