Nomes
Eu particularmente nunca gostei de nomes compostos, por algumas razões. A primeira delas e a única que citarei é porque no Brasil a pessoa com o nome composto sempre acabará atendendo por somente um deles. Meu próprio irmão mais velho é desses que foram presentados com o tal do nome composto, em seu caso a coisa não faz muito sentido e foi motivada por uma ação conjunta entre primas. Minha mãe e sua prima colocaram o mesmo segundo nome nos respectivos filhos, criando assim, um elo imaginário. Ao longo de toda nossa infância, acho que minha mãe ainda tentou chamá-lo pelos dois nomes, eu e meu outro irmão nunca aderimos à prática. Tampouco meu pai. E então que com o passar dos anos meu irmão adotou somente o primeiro nome, se bobear, ele nem menciona o segundo, a não ser para navegar em sua vida burocrática.
E o que era prática no seio familiar, comprovou-se prática também fora dela. Amigos de faculdade, os Carlos Eduardos, que eram vários, os Antonio Carlos, os Josés Alguma coisa, os Joãos Pedros viraram geralmente Cadus, Carlões, Zés e afins. O interessante é que com a mulherada a coisa dependia do nome. Aqueles que começavam por Ana (cristinas, paulas, marias) eram mantidos como tais. Agora, as outras, as Isabéis Cristinas, Carlas Maras e Alessandras MArias sempre foram, geralmente com o primeiro nome. Salvo exceções.
Então que essa razão do meu não gostar do tal do nome composto vem justamente da inutilidade do mesmo. Na boa intenção de homenagear duas avós, ou criar um segundo ou primeiro nome comum aos irmãos, ou não conseguir se decidir entre dois nomes ou ainda achar que o nome composto é assim, mais bonito mesmo, os pais de boa intenção devem aceitar que, na cultura brasileira, a coisa do nome composto não cola e nem decola. Salvo exceções. E salvo em Minas Gerais onde o povo adora chamar as pessoas pelos nomes compostos inteiros, e raramente pelos apelidos.
Agora aqui na França o nome composto é falado inteiro. Então que um dos primeiros nomes que ouvi e que achei estranho porque pensei que era um só é desses compostos. Eu escutei Pierrives, que se pronuncia meio pierrivi, que na verdade é Pierre-Yves. Então, os Jean-Pierres nunca viram Jean ou Pierres, os Jean-Claudes tampouco e muito menos os Charles-Henri. ESclareci essa dúvida logo no começo, porque achava assim, um abuso de sílabas pra chamar uma alma só: Charles-Henri! Mas não, se chamar só de Charles o indivíduo não atende. Na mulherada o princípio é o mesmo, sem variações.
Os nomes de cultura anglo-saxã, como americanos, ingleses, alemães e holandeses, o negócio é dar no mínimo dois nomes, mas aceitando-se desde já o fato de que a pessoa vai atender pelo primeiro. Meu próprio marido tem 3 nomes, 3, um exagero e uma falta de propósito, mas é a regra e ele no entanto só se apresenta pelo primeiro e só diz o primeiro, a descoberta dos outros dois se dá somente com apresentação do passaporte. E assim são todos os outros. Até que é divertido perguntar os outros nomes desse povo. Dá pra notar a inspiração dos pais.
Agora, pra deixar a coisa então mais intrigante, no Brasil o povo adora um sobrenome. Tenho amigos que devem ter uns 5 sobrenomes, aquela coisa de Albuquerque Junqueira Macedo Martins Sampaio da Fonseca. Aqui, sobrenome composto, como o que eu quis por nos meus filhos já que eu não quis levar no casamento o brinde do sobrenome do meu marido e portanto garantir esse link entre mãe e filho, é um parto a fórceps justamente porque praticamente não existe. Todo mundo tem somente um sobrenome, salvo exceções. E meus filhos são justamente essa exceção. Já desisti também de explicar ao povo que não adquiri o sobrenome do meu marido, dei-me por vencida e se me chamarem de Madame sobrenome do meu marido eu atendo. O engraçado é que ele também atende pelo meu sobrenome e algumas vezes até dá o meu como indicação do casal, somente porque foneticamente é mais simples e fácil. Então, ao menos, estamos em pé de igualdade.
E eu nem sei porque raios me deu de falar disso. Só sei que ontem, às 3 da manhã, sem conseguir dormir, fiquei pensando nisso. Então melhor eu colocar no papel e ver se não mais me incomoda no meio da noite e eu possa um dia quem sabe dormir decentemente.
Pois é, insones têm dessas.
3 comments:
menina, tô achando que esta insonia é contagiosa, mal dormi a noite passada, que ódeo! aqui o povo geralmente tem vergonha do que eles chamam de "nome do meio", que normalmente é motivo de piada, e regra geral, como você mencionou, esquecido. no brasil, há alguns que povo assimila, principalmente os zés. eu tenho conhecidos zé pedro, zé carlos, etc. olha, eu acho superlegal que você tenha mantido o seu sobrenome e o transmitido à filharada. porque essa coisa de adotar sobrenome do marido HOJE em dia, a nao ser que haja alguma justificativa de cunho burocratico para isso, para mim não faz sentido. e as crianças são filhos dos dois e foi você quem carregou por 18 meses. enfim.
é o último dia dos teus pais, ne? que pena...
e vai rolar a "celebration" hoje?
quando chegar ao trabalho respondo o teu emeiou.
beijocas!
Essa história de nome na minha família dá pano pra manga. Papi fez a delicadeza de me registrar só com o sobrenome dele (2) e mamy até hoje não engoliu essa( vai ver que aí que se deu o divórcio eheheheh). Casei, tirei um e peguei dois do maridão, sacumé, empolgação... Agora sofro nas Uropa por causa desse sobrenome comprido e do nome que ninguém entende tb ( nem tão complicado é, mas...). Juju foi contemplada com o sobrenome comprido tb, mas pelo menos o nome é international. Vidinha complicada, ne? Ou é a gente que complica! Bjs
Checkit...sabias que o menino aqui se chama Daniel Christian?
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