PArabéns pra você

Com alguns anos de net nas costas, eu posso dizer e afirmar de cátedra que a vida virtual é um passar de gente, pessoas, emails, comentários e links. E passa mesmo. A efemeridade das relações que se iniciam por aqui é certa na grande maioria dos casos, assim como a lei atual de nossas vidas conectadas ao mundo com esse transbordar e transpirar informações, ingerindo e cuspindo, tomando e jogando fora. Quando liquidei uma outra vida virtual, vi que junto foi quase todo mundo embora.

Mas, como tudo nessa vida, há exceções. E só pelo fato de existirem essas exceções é que faz valer a pena. Conheci algumas pessoas que se mantiveram ao longo dos anos real e honestamente dispostas a desenvolver a relação virtual para um plano, digamos, menos bit e mais concreto. Dou-lhes o crédito total, a todos com quem o negócio foi pra frente, foi em grande parte pela abertura que eles deram para que assim fosse. Eu, assumidamente de caráter desconfiado, sempre mantive-me na retaguarda – nunca fui muito dada a acreditar em aglomerações com geração espontânea de afinidades. Amizade pra mim é um processo, que toma tempo, leva tempo, é descoberta, cuidada, com troca e então segue adiante. Explico: sou sim aberta e extrovertida, mas não sou daquelas que despeja o coração em primeira instância - mas sou seguramente aquela que retribui a confiança e que preza amizade, e ainda que não precise mostrar meu CV pra ninguém, os amigos, virtuais ou não, podem me avalizar.

Obviamente que, como em toda relação, assim que abrimos o caminho pras pessoas entrarem em nossas vidas abrimos também a possibilidade de embarcarmos em uma roubada. Claro que tive algumas bordoadas nesse processo, algumas amizades desceram bueiro abaixo - dentre elas algumas raríssimas renasceram verdadeiramente, outras voltaram com outro status (coleuga, amenidades, ou falsidade disfarçada) e outras se foram para nunca mais ver, goodbye, so long, farewell. Há também o problema da percepção da troca, as partes podem ter visões diferentes do que acontece no processo e, não raro, alguma coisa descarrilha e a carnificina é geral. Já vi muito oba-oba por nada, muita mágoa por misunderstanding. Mas já vi também muita maledicência, muita falsidade e muita ironia. No geral, ainda que me engane algumas vezes, e ainda que tenha eu mesma pego o jacaré na onda errada, hoje em dia, vida virtual pra mim é algo menor, mais frugal, menos forrobodó.

E, dessas amizades que viraram tão verdadeiras, dessas pessoas que aparecem para surpreender, dentre esses exemplos dignos de nota (dez), eu conheci essa pessoa brilhante. Ela é sim brilhante, basta ler o que ela escreve e constatar o óbvio. Ela é também brilhante por tantas outras qualidades que só eu os outros tantos amigos dela sabem. E hoje, 28, nesse dia em que há tanto frio por aqui, é o seu aniversário. Querida menina, hoje é o seu dia, hoje vc faz aniversário, hoje vc está aí na sua Ilha Má, talvez sem sol, e eu só posso te desejar, com todo meu carinho, um dia bom, feliz e tranqüilo. Um grande beijo, de coração, parafraseando o Cazuza, todo amor que houver nessa vida pra vc.