Wednesday, August 12, 2009

Dos mistérios da somatização

Acho que a primeira vez que somatizei um nervoso foi quando minha mãe foi fazer uma cirurgia de mioma no útero. Devia ter uns 14 anos, caí de cama com uma crise de pressão baixa e só fazia dormir. Minha pressão estava no pé. Passei 3 dias assim, acordando pra comer e dormindo, dormindo, dormindo.

Depois, lá pelos 18 anos, comecei a ter minhas crises renais. Tive 7 pielo-nefrites - os médicos de plantão bem conhecem a gravidade do assunto. Cólica renal não é bolinho e mil vezes preferia ter a tal da pressão baixa pra brincar de bela adormecida. Minha última crise renal me enviou ao hospital por mais de semana, meus rins não reagiam ao tratamento e meu rim esquerdo começou a formar focos de pus, absessos, dando sinais de que a infecção não daria trégüa. Hospital, antibiótico na veia e monitoramento diário da evolução da infecção, saí de lá para fazer um tratamento de um ano e meio que envolvia mais antibiótico na veia e mais antibiótico no estômago. Gentes e pessoas dirão que infecção renal não pode ser somatização de nada, mas eu tenho cá minhas dúvidas. Na minha via-sacra de tratamentos, exames, médicos e investigações, eu fiz toda sorte de análises para constatar que todo meu aparelho urinário funciona muito bem e que ele todinho é perfeitinho, que nem a catherine zeta-jones. Tudo bonitinho e muito eficiente. Nunca, nenhum médico soube explicar porque raios eu pegava a tal da bacteriazinha, que era sempre a mesma, e que todo mundo tem, bem no meio do meu rim. Então, stress, encheção de saco e exaustão psicológica sempre foram as possíveis explicações.

Depois das incontáveis cistites e 7 pielo-nefrites, um tratamento de dar dó, passei um bom momento da minha vida sem muito pra reclamar. Vai ver que minha vida estava calma ou eu estava mais zen. Hum, pensando bem, não, nenhuma das anteriores é possível, visto que minha vida nunca foi calma e nunca tive nenhuma vocação para ser monja. Mas algo deveria estar funcionando bem como válvula de escape, e eu até tenho lá minhas idéias especulativas quanto o assunto.

E então, desde quando vim morar pelas europas que comecei a travar minhas costas. Só que a coisa é tão, mas tão evidente, que não é possível negar a ligação entre espezinhação e travação. Tenho uma roda de exemplos a dar, mas as bem prováveis sempre envolvem ou trabalho, ou gentes e pessoas. É batata, eu me estresso e me encho o saco com algo, no mesmo dia eu travo minhas costas, ou no dia seguinte eu acordo travada. Não tem nem como fingir que não é comigo e não tem como não ligar causa e efeito. Hoje acordei travada, porque ontem, bem, ontem eu estava assim, num humorzinho do cão e tive como bônus incontáveis encheções ao longo do dia. Tem épocas em que realmente acho que as pessoas estão em um complô para me encher o pacová, e esses últimos dias foram exatamente desses. E se posso me dar um pouco de Polyanna, ao menos alguma coisa menos complicada e menos perigosa é a somatização da vez. Mil vezes isso do que problema renal ou do coração.

1 comment:

Delma said...

Menina,

Ano passado eu tive uma infecção renal que até hj não tem nenhuma explicação...mas na época tava passando tanto, mas tanto nervoso no trabalho, que não encontro outra explicação além desta.
Adoro ler seus posts.
Beijinhos