Thursday, November 20, 2008

Obsessiva compulsiva

TEnho trabalhado muito, como já indicado anteriormente. Um exemplo besta de meu drive é que me esqueço até mesmo de tomar água. Quando chega a hora do almoço, estou morrendo de sede e sempre pego dois qualquer coisa para suprir a falta de líquidos de uma manhã inteira - duas águas gaseificadas, duas cocas zero, dois chás, etc. Ao final do dia, quando chego em casa, lembro-me novamente de que não tomei água durante a tarde.

Eu acumulo funções no momento e não sei dizer não. Chego cedo, vou embora tarde. A conclusão óbvia, meu caro WAtson, é que sou meio compulsiva com esse negócio de trabalhar. Não precisa ser Einstein pra enxergar. Muita gente já me disse para desacelerar, colegas do trabalho, em casa, amigos, e eu entendo suas perspectivas.

Há obsessões e obsessões. A minha considero ainda de certa forma útil, mesmo que tenha dias em que me sinta prestes a surtar. O problema é o stress, que tento monitorar com as minha corridinhas que agora tomaram ares de rotina. Pergunto qual lado de meu caráter que é explicitado nessa minha obsessão, porque eu não sei identificar.

Tudo isso necessariamente me lembrou de pessoas e seus relacionamentos. Presenciei já vários términos que se transformaram em obsessão. Uma vez fui de acompanhante numa dessas investidas obsessivas de Caraguatatuba a São José dos Campos em bate-volta numa noite. Eu mesma já tive exes, sim, no plural, que me ligaram anos depois do término com intuito de juras de amor eterno. Já até estive em estilo detetive particular, seguindo carro de uma pessoa em São Paulo, enquanto meu amigo tinha síncopes de ciúme ao lado. Enquanto amiga, lembro-me de que quando era mais, digamos, jovem, eu até participava e estimulava os comportamentos obsessivos. Mas o tempo passa e te ensina que na verdade aqueles rompantes de irracionalidade não levam nem trazem nada a lugar algum, somente expôem os praticantes a papéis humilhantes que são facilmente ridicularizados. Mais tarde, meu papel de amiga mudou para dar perspectiva aos amigos, segurá-los no meu apartamento e esperar o rompante passar. Amanhã é outro dia, hoje a gente fica por aqui, era uma das minhas máximas. Porque enquanto amiga ou vítima, eu passei pelo outro lado de fugir, evitar, não querer ver e até mesmo sentir raiva e pena dos comportamentos patéticos. E no mais, ninguém merece alguém que "aparece ocasionalmente" na mesma boate, ou na mesma rua onde mora, ou te telefona 20 vezes, ou te manda 10 bouquets de rosa, ou ainda fica parado na porta da sua casa esperando vc sair. Esse último caso, acabou foi na polícia.

E então eu olho pro meu trabalho e vejo que minha obsessão não faz mal a ninguém, não me sujeita a papelão, não compromete minha integridade nem a de outros, não me faz infeliz - cansada e por vezes estressada, sim - nem indica que sou complexada ou que invejo o que outros têm, são ou fazem, e menos ainda indica que preciso de ajuda psiquiátrica ou que seja caso de polícia. ASsim até que não está de todo mal. Sigo, porém, tentando entender seus porquês. Um dia eu chego lá.

2 comments:

Anonymous said...

pena que tua obcessão não te faça rica...mas um dia quem sabe você chega lá.

Margot Abirato said...

Querido not-so-anonymous friend, mas também não tô matando cachorro a grito. E conto com o Euromillion também. Um dia eu chego lá, vc vai ver! :o)))