Friday, July 18, 2008

Memória
Eu adoro ir ao blog do Inagaki para ver a mais nova memorabília que ele cavucou na internet. Adoro. Sobretudo porque eu, se tiver que me lembrar por mim mesma, por exemplo, da década de 90, vou sempre ater minhas lembranças às coisas mais pessoais, referências em termos de amigos, viagens,estudos, família. Só consigo, por exemplo, lembrar-me em que ano um filme e uma música saíram se reconectar com o pessoal, com o que aconteceu comigo. Dando um exemplo bem bobo, lembro-me muito bem do ano da queda de Berlim e da invasão do Panamá, porque foi naquele ano que fui intercambista pelo Rotary. Lembro-me também perfeitamente do ano da morte do Senna, porque cruzei com o carro de bombeiros que trazia seu corpo pela 23 de maio quando ia pra Faculdade assistir aula de Direito Internacional - que só tinha no 4 ano e cujo professor era o pai de um famoso apresentador de TV dos dias de hoje que casou com uma loirinha também apresentadora. Lembro-me perfeitamente que passei aquele final de semana em São Paulo (eu geralmente ia pro interior, descansar do cinza e do trânsito), acordei tarde no domingo, bem tarde, liguei a tv para tomar um Nescau e dei de cara com a reportagem sobre o Senna.

Não me lembro desses fatos por um interesse único e exclusivo ao acontecimento, a minha memória parece fucionar somente se fizer a ligação com o que minha vida era naquele momento. Talvez seja uma deixa para indicar meu caráter narcisista, visto que a conclusão disso tudo é que enquanto protagonista do que posso chamar de minha vida, o resto parece ser coadjuvante ou cenário. O Tancredo pode ter morrido, mas quem eu perdi naquele ano foi muito mais importante do que o Tancredo, fazendo assim da História com H maiúsculo o pano de fundo para a minha própria.

Eu posso ir embora lembrando um monte de coisas da minha vida, e fazer o elo com os fatos de domínio público. A referência pessoal é o que me habilita ter memória histórica, por assim dizer. ALiás, outra peculiaridade do que acontece entre sinapses aqui dentro, tenho boa memória fotográfica, de lugares e pessoas, eu lembro de rostos, sempre, e tenho uma facilidade enorme para identificar quem é parecido com quem, quem lembra quem, quem tem jeito de quem. No entanto, lembrar nomes para mim é um custo, um esforço inenarrável. Mas nada supera o caso de um diretor aqui de onde trabalho, que passou anos a fio a chamar o russo do budget de Ajay -um nome um tanto quanto atípico para um russo. Ajay, na verdade, era indiano e trabalhava na tesouraria. Alex, o russo do budget, deixou a coisa rolar porque primeiro achava graça, e segundo que ele achava realmente muito engraçado. Acho que a coisa durou uns 3 anos. Só foi resolvida quando uma parte do time se mudou de NY para Genebra, e o Alex, que não era Ajay, veio junto. Só então o tal diretor soube quem era quem.

1 comment:

Ma said...

Quem é vivo sempre aparece e cá estou eu. Sabe que me lembro com mais nostalgia dos anos 80 do que dos 90? Sei lá, talvez porque a infância deixe um sabor mais doce de saudade. Dos anos 90 o que não me esqueço é da minha avó entrando no meu quarto dizendo que "o paralamas do sucesso tinha caído e morreu todo mundo". Putz era bem o dia do meu aniversário! Mas depois fui descobrir que eram os Mamonas Assassinas que tinham sofrido o acidente. Nunca me esqueci disso, parece mesmo que a História só marca pra gente se tem relação com a nossa história. Beijo nos filhotes!