CUIDADO : MULHER à BEIRA DE UM PITI

Porque as pessoas vão dizer que imagina, que não, que não há problema algum, que tudo vai ficar bem. Se vai ficar bem eu não sei, mas eu estou dando sinais (reais) de que algo não anda bem. Alguns destes sinais podem parecer cômicos - e honestamente são - mas eu ainda não cheguei ao ponto de rir dos meus próprios infortúnios porque, provavelmente, ainda estou em momento de travessia. E como diz um (muy) amigo astrólogo, essa minha fase ainda dura até agosto, ou seja, ainda darei papelão até lá. Então, lá vai, já que ando meio abestalhada e com a tampa solta, o melhor mesmo é escancarar de vez:

- Outra noite eu acordei às 2 da madrugada e fui procurar pela tal pasta azul com todos os documentos da família inteira. SEnhorio, ao me ouvir no escuro a vasculhar com minhas narinas as várias pastas de várias cores organizadas sobre a mesa-escritório, me perguntou que raios havia me dado. Ao que explico o motivo da minha investida, ele me diz que a pasta está lá, porque foi ele quem organizou. E eu, que não boto fé no meu eleitorado, respondo com a pergunta, tem certeza, a azul? E ele retruca, não, eu tô mentindo, a pasta sumiu, escafedeu-se e eu quero ver vc enxergar alguma cor nessa escuridão. Agora vem dormir, mulher. Resignada, voltei pra cama.

- Sexta-feira passada eu sumi com meu celular. Eu, que não sou muito dada a aparelhinhos eletrônicos em geral, sorrateiramente e disfarçadamente procurei pelo desaparecido dias a fio, sem confessar meu pequeno crime. Ontem não pude mais e comentei, en passant, com senhorio de que meu celular tinha tomado doril. Ao que ele retruca, que é isso mulher, o celular tá no seu carro! E eu, certa das minhas qualidades de detetive e sobretudo segura da minha memória de tê-lo tirado do carro pela última vez que o vi, disse que no carro já havia procurado e que não estava lá não. Ao que senhorio então começa a proferir suas indefectíveis reclamações, de como o celular é caro, de que eu não posso tê-lo perdido, blablabla. Porta afora segue ele, para procurar pelo dito no carro. Fiquei pensando com meus zíperes que ia ouvir ladainha por dias a vir, mas eis que senhorio adentra pela cozinha com o malfadado na mão. Estava no carro?

- Ultimamente não tem um email, uma planilha, um número, um nada que eu envie e sinta-me satisfeita por ter dado conta de mais um trabalhinho. Não, porque 2 segundos depois de ter dado o send, vêm meus pensamentos nefastos, bate aquele friozinho no estômago e tenho que rechecar tudo que enviei, em uma ânsia por ter mandado algo errado. NAda aconteceu recentemente que possa ter me colocado nesse nervoso, mas é o meu atual estado. Ando até com medo de apertar o botão send, porque sei que 2 segundos depois lá estarei eu a vasculhar por alguma vírgula no lugar errado, alguma fórmula mal ajambrada, algum erro.

- Coitados dos aniversariantes de março que não conhecem senhorio. PErdi todos os aniversários, nem sei em que dia estou hoje. Simplesmente apaguei do meu disco de RAM esse negócio de calendário, aliás, eu nem mais sei que dia da semana estamos sem ter que parar e pensar duas vezes.

E vou parar por aqui porque apesar de ter ainda vários micos no currículo recente, acho que já me fiz suficientemente ridícula por um dia só.
E lá vou eu, sumir novamente.