Tudo desconexo

Eu não aguento mais abrir a página da globo.com para ver notícias pela manhã e sempre encontrar uma foto da coitada da br**ney S**ars. quando é que essa mídia vai dar trégüa? Será que estamos com falta de assunto? Outra coisa que não mais suporto é o massacre de informações sobre B*B8. Who cares? E que obsessão é essa com a vida das celebridades, pseudo-celebridades, anexo-celebridades e afins? Ai que saudades do passado, da época em que Andy Warhol previa que no futuro todo mundo teria seus 15 minutos de fama... Nesse ponto eu adoro meus amigos franceses. Quando alguém perguntou à minha amiga Lolô sobre o que achava do presidente Sarkozy e sua nova namorada, ela respondeu, moi, je m’enfiche complètement!, ou, em livre tradução minha, estou c*gando e andando.

E minhas viagens diárias entre casa e trabalho são quase que na calada da noite. Pela manhã, uma escuridão quase que me afoga quando saio lá pelas 6:45. Acendo as luzes quando entro no escritório e um silêncio me engole. Ando muito quieta, deveras quieta, não ligo mais o rádio, preciso dessa calma que minha sala me dá - tenho tido muita gente entrando e saindo daqui, falando e falando sobre negócio e problemas profissionais, despejando suas coisas, suas vidas, seus problemas, suas soluções. É um rococó só de muitas pequenas coisas, a transposição espacial exata é a casa da minha sogra. Nunca vi tantos badulaques, enfeites, juntadores de poeiras, em prata, em louça, sapatinhos, potes, potinhos, caixas, bustinhos, cachorrinhos, espelhinhos. Então, é isso meu dia, na minha sala.

E a volta pra casa, ao entardecer. Os dias começam a ficar um pouco mais longos. N'alguns ainda chego em casa com um pouco de luz, n'outros nem tanto. Estou ainda à espera do inverno. Sei que ela vai me execrar por proferir tantas obscenidades, mas eu gosto de inverno, de frio, de dias curtos, de neve e de chegar ao limite de não mais aguentar o inverno e clamar pela primavera. Esse prazer que vem junto com a mudança dos dias frios para os dias com luz e a chegada das cores, esse ano, não vai ter. E estou assim, um pouco triste por isso. Por essa grande coisa.

Ando me sentindo assim, nesse meio limbo. Esse meio inverno que não é frio, mas que não é primavera. Dias de sol, mas nem tanto. Neve que se anuncia, que não vem, ou que só chega longe. Aliás, frio, aparentemente, está lá China. O maior dos últimos 50 anos. E então me dá uma vontade de estar lá, tiritando os dentes no meio de muita neve.

Ainda me mudo pra Sibéria só pra pagar minha língua.