Thursday, August 23, 2007

A pedido da Dani: 1996 – 1997 - e 1998 to be fair
Foram três anos muito especiais. O começo do resto de minha vida, quando estreei como proletária no mercado financeiro, salário, responsabilidades, profissão. Foram the golden years porque formou-se um grupo cuja base era uma grande maioria que trabalhava no 31 andar da Líbero Badaró 525 sensacionalmente jovem, dinâmico, cheio de idéias na cabeça e que se encontrou todo ali. Amizades que nem o tempo e nem a distância e muito menos os mais variados distintos caminhos que cada um de nós tomou conseguiu nos afastar. Até hoje falamos desse tempo, dos happy hours, das saídas, das trombadas com chefes, das politicagens internas, dos ídolos. Vimos enchentes do Anhangabaú de lá de cima, protestos, fizemos treinamento de evacuação de incêncio (super fun descer 31 andares) e brigamos pela temperatura do andar (o controle do ar-condicionado ficava atrás da minha mesa).

Houve também naquela época a possibilidade de mandar email da mesa de alguém que foi embora e esqueceu de se deslogar do CC Mail contando das próprias-inventadas-por-nós querelas (hoje em dia dá demissão, péssima idéia). Ainda no âmbito tecnológico, naquela época meus amigos ainda recebiam e forwardavam emails de teor duvidoso sem arriscarem os próprios pescoços. Digo meus amigos porque eu acho que nasci com um gene anti-spam. Naquela época também fazíamos almoços sorrateiros de mais de uma hora nas sextas-feiras em locais clássicos do centro. Meu apartamento era pit-stop pra balada da galera, sendo na boca do então crescente burburinho do Itaim, lá fizemos também amigos secretos, Copa do Mundo, vários jogos de futebol, e estar juntos somente pelo prazer de se estar junto.

Naquela época cada um de nós passou por um grande namoro que acabou (fora o Rapha), e juntos ajudamos uns aos outros a ter perspectiva - namoros passam, as amizades ficam. Também viajamos muito pra praia em grupo - sentir cheiro de maresia me lembra de 1997. Reveillons foram juntos, ou parcialmente juntos. Feriados eram sempre cheios de planos nossos. Levei todos à casa dos meus pais. Natal era mesmo com as respectivas famílias. Fomos muitas vezes pra Guararema e pra Guaecá, ambos redutos do amigo Frangão. Fomos saltar de para-quedas, e no grupo de destemidos havia eu, a Sol e a Moniquinha de meninas. Ah, saltar sozinhas, nada de salto duplo.

Fizemos esportes juntos, saíamos do banco e íamos encarar 9 ou 12 km no Ibirapuera (fora o Rapha e a Fatinha). Éramos todos fãs de pastel, à exceção do Sergião e do Bella, esse último eventualmente se converteu. Não tinha um vegetariano, mas nunca fizemos programa churrascaria. Àquela época eu era a única que não bebia - hoje em dia deve ser o Sergião. Jogamos muito Dudo, Truco e Imagem & Ação - esse último muito a contragosto de alguns participantes. Mais da metade fumava Marlboro - os outros que não fumavam Marlboro não eram fumantes. Hoje em dia acho que só sobraram o Rapha e o Johnny de bituca na mão.

Acho que na minha história de vida não houve outro grupo tão coeso e tão diverso, tão interessante ao mesmo tempo, com gente tão distinta que veio de tanto canto diferente. Cada um de nós se apoiava no todo para seguir o caminho só.

Lá pelos idos de 1998 nos mudamos para o 475 da mesma rua, no 10 andar. E então cada um, e um a um, foi tomando o próprio rumo para outras ruas. Saudade.

Os que ficaram no Brasil se vêem até hoje, freqüentemente. Tá todo mundo ligado um ao outro, eu sempre que vou ao Brasil tento vê-los - só falhei a última vez. Mantemos contato, email, telefone, e assim a gente segue se gostando. Eu, particularmente, sentindo a falta física de poder estar mais perto. Mas isso é só consequência das minhas escolhas.

2 comments:

Dani said...

acho que foi freud (ou jung) que disse que o inconsciente eh atemporal, portanto, o que nos aconteceu continua a nos acontecer: quando nos lembramos, revivemos. nao eh saudosismo, eh aquele truque do cobertor da memoria quando a vida nos leva (ou nos levamos) por caminhos distintos. aproveita o revival e depois conta! beijocas!

Maria Fabriani said...

essa época também foi ótima pra mim, muito trabalho, muitas amizades que duram até hoje. ah... a vida muda né? Digo isso com uma certa melancolia, mas com plena consciência de que as pessoas que povoavam minha vida então necessariamente também já arrumaram outras gigs e provavelmente também olham pra trás e sentem saudades... :)