Incertezas
È verdade que me interesso pelas coisas que sao humanas, pelas històrias de cada um. No momento estou envolvida até o osso com a sucessão de eventos na vida de minha babà. Não contei nada antes por, talvez, falta de vontade de falar no assunto. Mas são històrias como a dela que me fazem lembrar da efemeridade da felicidade.
Explico, ela é do Cabo Verde e veio parar aqui nessa região com o seu namorido, vindos de Portugal. Ele, de nacionalidade portuguesa, veio pra cà em busca de novas oportunidades de trabalho, jà que a região precisa de mão-de-obra técnica como a dele. Isso jà tem um ano que eles chegaram. Entre a chegada, a procura de um emprego, a sucessiva troca, ela começando a trabalhar para nòs, a vida deles finalmente chegava a um ponto de ajustes feitos e inìcio de colheita dos frutos.
Então, em abril, um incêndio veio iniciar o processo de derrocada dessas vidas construìdas. Perderam todos os pertences, foram colocados em um hotel por um tempo e um sopro de esperança chegou com a ajuda social da prefeitura. Antes viviam em um estùdio com a filha, passaram então para um apartamento de 1 quarto com um aluguel mais barato que o anterior. Parecia que o susto havia passado.
Eu viajei para o Brasil e jà havia arranjando tudo com ela para o re-inìcio quando da minha volta. Tudo entrava nos eixos. Foi entao na minha chegada e através de um recado na minha secretàaria eletrônica que soube que o seu namorido havia falecido em um acidente de moto.
Como pode alguém perder tudo assim, em tao pouco espaço de tempo? E então, pensando que alguém em sua situação não tem mais nada para lhe ser tirado, vem toda a burocracia e seus pesadelos tentar tirar-lhe o pouco de dignidade que ainda lhe resta.
Explico, como eles não eram formalmente casados e como ela tem uma permissão para viver em Portugal, uma sucessão de armadilhas burocràticas vêm caçà-la e fazer de sua vida uma imprecisão e indefinição constante.
Tento eu ajudà-la como posso, acompanho-a nos encontros com as companhias de seguro, mas parece que por tràs de cada solução escondem-se outros tantos problemas.
Eu não faço idéia do que serà o seu futuro. E muito menos ela faz. Sobreviver, um dia apòs o outro, com a incerteza batendo à sua porta.
E ela que veio pra Europa hà pouco menos de 10 anos pensando em juntar um dinheirinho para voltar pro seu paìs e montar um negocinho.
1 comment:
Nossa, que coisa pavorosa... Estou torcendo pra que ela consiga, pelo menos, continuar aí, se é isso que ela quer. De fato, é como você disse, Margot, temos que sempre estar observando a efemeridade da felicidade... :(
Estou torcendo por ela e pela filhinha dela.
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