Friday, February 23, 2007

ZZZzzzzz...
NAda como uma boa noite de sono para recarregar a pilha. Fazia tanto tempo que eu não dormia bem que ontem estava botando medo no pessoal do trabalho. E hoje ainda por cima é sexta. Melhor não pode ficar.

Ségolène na TV
E foi então a vez, na última segunda-feria, da Mme. Royal passar a sabatina dos 100 franceses sobre suas propostas de governo. Ela tem uma fala mansa, quase professoral. Comentamos durante o programa que parecia que estávamos numa sala de aula, e não em momento de debate político. Ela é extremamente carismática e em nenhum momento ela assume uma postura dura, o que condiz com a figura feminina que ela representa.

Achei que ela pecou, no entanto, em apresentar propostas concretas para questões difíceis para os franceses. Acabou se contradizendo quando propôs o aumento do emprego através do estímulo fiscal às grandes empresas em detrimento das pequenas, que são na verdade as maiores empregadoras do setor privado nacional. Até que se saiu bem quando confrontada com a questão sobre o seu parceiro de vida, o M. François Hollande e sua participação no governo futuro, caso seja eleita. Após um primeiro momento de hesitação, respondeu racionalmente à pergunta: a formação da sua equipe de governo reconhecerá os talentos e contribuições das pessoas de seu partido, o que pode ou não, incluir M. Hollande.

E fez um ponto muito real e justo sobre o papel da mulher na sociedade francesa. É sabido e conhecido que, apesar de ser a França um país de primeiro mundo, é ainda a França um país de grandes diferenças na representação feminina tanto na carreira política como na privada. Há poucas mulheres em posição de liderança ou ocupando um cargo político. Assim como há pouquíssimas líderes no setor privado, e existe ainda uma grande disparidade na remuneração da mulher frente ao homem para execução do mesmo trabalho.

Até gostei de algumas coisas que ela falou, mas não serviu para me convencer. Acho que ela sofre do mesmo mal de muitos socialistas, de que a teoria e a participação do governo bastam - o que é sabido não ser o caso. Problemas macro econômicos são muito mais complexos, e no caso específico francês, os nós entre social e privado precisam ser revisados com máxima urgência. Ainda, repetiu por diversas vezes que tal assunto seria colocado em pauta para discussão com os grupos x, y e z. Aliás, a tal da discussão em grupo é praticamente um esporte nacional francês. O que acho até válido, mas há falta grave em ficar só na discussão e não trazer nada de concreto para a execução. E nisso, eles são bons mesmo.

Se eu votasse por aqui, por hora, já teria meu voto encaminhado. Mas ainda quero ouvir as propostas do outro candidato, o M. Bayrou, do UDF e que vem crescendo nas pesquisas. Se alguém quiser ver como andam as intençôes de voto, clique aqui pra saber mais.

Alguém deve estar se perguntando o que eu tenho a ver com isso tudo? Bem, primeiro eu me interesso por política, já que é um elemento crucial em qualquer país democrático. Segundo, eu gosto muito de acompanhar a dança macro-econômica, que não é somente determinada pelo mercado, mas também pelo governo. E terceiro que talvez eu goste mesmo é de me meter onde não sou chamada. Adoro provocar a francesada e saber das suas intenções de voto. E ver a percepção individual de cada um sobre para onde La France deve seguir. E, finalmente, eu vivo aqui. Acho minha obrigação cívica saber do andar da carruagem de onde moro. No mais, eu sou meio nerd e metida a besta mesmo.

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