Tuesday, October 10, 2006

As maravilhas de uma vida em comum

Cansei da escritura em ingrêis. Sinto falta da minha língua lusa e reconverti-me. Ainda bem que ninguém vem aqui, fora aquela que vai se mudar pra terra de Camões. Acho que pra contar meus perrengues, nada como desopilar na língua-mãe.

Então que tenho visita em casa há dois meses ininterruptos. Ainda termino por colocar o dedo na tomada e jogar o secador de cabelos dentro da banheira cheia d'água, enquanto eu coloco o marido na máquina de secar.

Hoje ele me liga chegando de outras terras pra dizer que perdeu o passaporte e que não sabe o que fazer com os agentes de imigração. Como se eu tivesse manual aduaneiro e o livro de direito dos imigrantes sem passaporte tenho eu que arrumar a tal solução, assim como dar todos os trâmites processuais burocráticos que resultem na recuperação do objeto perdido ou na requisição com sucesso e em menos de uma semana de um novo. Depois do meu plano estratégico e de implementação de gestão do pessoal aduaneiro, guia de como recuperar objetos perdidos em resumo action points, ele começou a soltar impropérios no telefone em 4 línguas diferentes. Devolvi-lhe uma reprimenda, oras, com um bom passar bem.

15 minutos mais tarde ele liga contando do sucesso aduaneiro e do maior sucesso ainda em já ter localizado o malfadado: misteriosamente, seu passaporte deu uma saidinha sem retorno da sua maleta e foi divertir-se no piano bar do hotel.

E as tar visitas ainda me levarão rumo a uma instuição mental. Ou então estou eu garantindo meu lugar no paraíso com 32 George Clooneys à minha disposição. As visitas além de terem chave da minha casa por bondade dessa criatura que escreve, ainda se acham na liberdade de chegar em meu sagrado lar e nem se incomodar de apertar a campainha, estilo, olha que tem gente que não mora aqui entrando e achando que está chegando em própria casa. MAs essa não passou sem semi-pito, para a alegria do meu programa extravaza anti-stress.

E o pobre do cachorro Raphael chegou da casa das visitas cheirando a carne putrificada. DAndo eu de veterinária frustrada, fiz um breve check-up bucal no coitado e certifiquei o estado avançado infeccioso nos dentes e nas gengibas (haha, eu adoro dizer gengibas). Esperando pelo pior, acertei a consulta no veterinário. Resultado que pobre Raphael foi internado, sedado, operado e está completamente desdentado, a infecção por pouco não vira septicemia e até agora as tais visitas escondem-me (ou dizem que não perguntaram) as causas da misteriosa infecção bucal... ah, mas que o sorvete, o chocolate, a carne, o soufllé e a linguiça não têm nada a ver com a história.

Em conversa telefônica com a senhoura minha-mãe e após o diagnóstico meia-boca de minha parte, ela soltou as pedras preciosas:

- Mas vc não vai levar esse cachorro a um veterinário?
- Ah, claro, que não, mãe, vou deixar putrificar e cair tudo mesmo.
- Para com isso, vc vai levá-lo, não?
- Não, vou deixar a naturaleza resolver.
- Ah... para com isso, mas tem veterinário aí?
- Ah, aqui, não tem veterinário, não. Acho que vou ter que levá-lo pra uma consulta no açougueiro mesmo, qualquer coisa a gente já deixa ele por lá.

Eu tento manter o bom humor mesmo quando a situação tá preta com visitas por 2 meses.

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