Cabeleira como desculpa pra outra coisa
A cabeleira continua descontrol. A Dani me ajudou a econtrar meus produtos de outrora da L'anza e a coisa deu uma mão. No entanto, há que se acordar que a cabeleira é da pavirada e não vai se conter assim, tão facilmente.
Outro dia fui almoçar com dois colegas, cada qual de um país diferente, sobre essa coisa toda de expatriado e terra estrangeira. Cada qual deu sua percepção, o italiano enfatizou o caráter da experiência nova e da eterna sensação do desconhecido, nunca se chega a uma zona de conforto total como se tem no país de origem. O outro, holandês e extremamente prático, falou sobre sua experiência de outra ótica, de como o trabalho o levou para onde foi e das ínfimas possibilidades de que o trabalho o leve de volta à terra amada. Eu tenho cá minha terceira visão da coisa. Pra começar sou casada com alguém de nacionalidade diversa à minha, e moramos em um país que não é a casa de nenhum de nós. Para melhorar, falamos entre nós ainda outra língua que não nos é nativa. Mas com os filhos temos que fazer samba-do-crioulo-doido por conta da certa dificuldade que o primogênito enfrenta em se situar foneticamente. A complexidade do meu mundo é multi-facetada, vem de todos os lados, me sinto eternamente fora de qualquer zona de conforto, cada conforto tem que ser construído vagarosamente - e por vezes na base da porrada. Sinto também que a experiência é completamente diferente quando não há família, filhos e essa coisa toda de gente grande que minha vida atualmente tem. E nessas, tenho que constatar que me sinto muito mais brasileira do que jamais me senti em minha vida. Enquanto no Brasil, nunca me senti assim muito estereótipo nacional aqui eu sou a espertinha, rainha do jeitinho e da sociabilidade. Espertinha porque esotu sempre a contornar imposiçôes à minha vida que não considero assim, muito relevantes para o convívio em sociedade. Rainha do jeitinho porque dentro desse contexto maluco em que vivo, não há forma de lidar com tudo isso em total uso das faculdades mentais sem estar constantemente procurando por um tal jeitinho pra, literalmente, ajeitar as coisas. E sociabilidade, bem, eu nunca fui muito adepta às formações espontâneas de amizades, mas aqui meu nome é miss congeniality, aquela que se relaciona com toda forma de pessoa sem nenhum pudor de ser feliz.
E, não há nada de errado com isso.
1 comment:
Eu não sei, essa coisa de nacionalidade não me importa há muito tempo no sentido de me definir, mas me incomoda nos relacionamentos. Claro que tenho a minha listinha dos prós e contras das três culturas a que fui exposta, mas... Mesmo assim, a questão do cultural sempre me confronta, eu não sou uma pessoa muito we are the world porque o background cultural influencia muito o como as pessoas lidam com as emoções, as mentalidades, e estou velha demais para usar o meu jogo-de-cintura - uso para o essencial, mas quero relações mais verdadeiras, por afinidade, sem ter de desvendar muitos códigos. Mais relax.
Enfim, posso viajar no assunto sem chegar a conclusão alguma.
Mas que você foi agraciada com o jeitinho, foi!
Beijocas!
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