Monday, August 10, 2009

Tarantino

Ontem assistimos ao filme do Tarantino, Hell Ride. Sou suspeitíssima pra falar dele, de quem eu gosto muito desde muito tempo. E eu sempre, sem dúvida, me divirto com seus filmes, que são sempre cheios de graça e de muito sangue no tapete. Hell Ride provocou até reação de senhorio ontem, em comentário quanto aos personagens femininos, que de tão objetificados eram demasiadamente irreais - aquelas mulheres cheias de peitos e bundas irretocáveis e sempre prontas para seus machos. E, vale dizer, senhorio não é assim, tão observador. Tarantino não é pra ser levado a sério, ele é, pura e simplesmente, diversão.

Desde PulpFiction que escuto dizer que os filmes de Tarantino são muito violentos e que por isso muita gente não os assiste - eu já era fã desde muito antes. Pois eu acho um pouco complicado entender e mesmo aceitar tais impressões. Quase tudo que ele faz é tão, mas tão inverossímel que fica difícil levar a sério e, portanto, crer naquela violência. Seus filmes são geralmente um apanhado de clichês cinematográficos, adicionados com muita criatividade e montados com justa majesteza, mas sempre, indubitavelmente, restam como paródias. Não dá pra acreditar que Samuel L. Jackson recite passagens da bíblia antes de executar suas vítimas, não dá pra acreditar em uma boate de vampiros na fronteira dos EUA com o México, não dá mesmo pra acreditar na existência de assassinos sanguinolentos em um Hostel em Praga. Não dá. Assim como tampouco dá pra crer naquela coisa de mulher da Uma com uma espada degolando, amputando e decapitando. No entanto, não deixa de arrancar risadas quando ela arranca o único olho de uma vilã - e mesmo que humor seja algo pessoal, cultural e de lua, não é possível que alguém leve aquilo tudo a ferro e fogo. Não dá pra não rir, e para aqueles a quem o riso não jorra, não dá mesmo pra assumir que seja um centelho verossímil sem duvidar da capacidade do intelecto da pessoa. Ao meu ver, quem consegue ver a sua violência como algo real, possível, tangível, é quem precisa de ajuda - não?



Óbvio que consigo entender quem não goste do seu gênero ou do seu estilo. Gosto, meus caros, é gosto, e de gosto não dá mesmo pra falar. Nunca gostei de Maria Betânia, não gosto e pronto. Não gosto de fígado. Não gosto de pagode. Não gosto de gente chata. Não gostei de Titanic. Isso é gosto, pessoal e intransferível, e ainda que gosto possa mudar, gostar não é imposto. Gosta-se ou não, e pronto. Aceitar isso, eu aceito. Mas dizer que, para justificar o desgosto, há que se apedrejar o excesso de violência de seus filmes, como causa para a juventude em transgressão, aí já é um pouco demasiado. Portanto, aos amantes de Tarantino, Hell Ride não é um filmaço, mas se vc gosta do gênero, é diversão na certa. Muito non-sense, muito sangue no tapete, muita avacalhação. Vai fundo.

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