Papéis e anacronismos
A burocracia não cessa de me pregar surpresas. Meu hooligan entrará de férias bem logo, e eu, mãe proletária, vou colocá-lo em atividades nos, como chamam por aqui, centres aérés, algo como centros arejados, digo, centros aéreos, digo, centros ao ar livre, digo, colônia de férias.
Pois então que eu ligava já faziam semanas, e ninguém pegava o tal do telefone. Então, na segunda-feira, como cheguei no trabalho às 6 da madrugada (don't ask) resolvi sair em horário "normal" para pegar o tal do centro aberto. Chegando lá, pensei que fosse já fazer a tal da inscrição e liquidar o assunto. Mas como já disse, eu ainda não estou totalmente habituada aos trâmites de papéis da cultura francesa.
Primeiro ela me deu 7 formulários a serem preenchidos, juntamente com uma listinha de outros 7 documentos a serem fotocopiados para então integrarem, como dizem por aqui, o tal do dossiê. Não satisfeita, teremos ainda que ter outro rendez-vous para submeter o dossiê e efetivar a inscrição.
Dei uma passada de olho nos tais dos formulários e papéis a serem entregues. Eu dou risada, é certo, mas já imaginei muita gente tendo síncopes por conta desses anacronismos. Primeiro, em um dos formulários, reequerem as informações do chefe de família. E então que lá em casa vamos ter que decidir no cara ou coroa. Depois, tenho ainda que dizer quanto ganhamos e mostrar os miserites. (?) Atenção, não estou pedindo dinheiro emprestado e nem sou sonegadora de impostos. E isso para inscrever meu filho num centro arejado?
Como disse uma amiga minha, francesa, há que existir jutificativa para o emprego de tanta gente. Afinal, se não existissem tantos papéis, onde é que essa gente iria trabalhar? Ainda assim, mesmo depois de tanto tempo nesse mundo que gosta de um documento e de uma justificativa escrita à mão, me pergunto se algum dia me acostumarei. E eu acho que não. No mais, me faltaria assunto pra post.
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