Eu creio, tu crês, ele crê
Todo mundo já sabe que não sou provida de fé, e também todo mundo está cansado de saber que respeito muito a fé alheia. Admiro quem consegue acreditar em um poder que não é palpável e nem evidente; que não deixa rastro algum de sua existência. Ter fé é um dom e um presente, e algumas vezes, um inconveniente. Mas, como eu não tenho fé, não venho em absoluto falar daqueles que acreditam, mas sim, destes aqui como eu, que não vêem nem esperam nada além da vida.
Agora que passou um pouco a onda de estupefação, e em uma atitude completamente contrária ao que sou (intempestiva), venho falar do acidente. Porque desde quando aquele avião caiu - e aqui a relação com o tal avião deva ser porque eu voe justamente com aquela companhia, não exatamente aquela rota - que não paro de pensar nos 4 a 5 minutos entre a primeira pane e o fatal mergulho no mar. Não sei porque, e talvez aqui indique meu caráter um pouco funesto, mas não consigo parar de pensar nesses minutos e no que se passou na cabeça das pessoas. Sei que esses parágrafos vieram cheios de adendos, vírgulas e sobreposições. Talvez assim dê pra entender como me sinto.
Em outra nota mais animada, minha genitora, aquela pessoa possuída de tanta psicologia, estava em uma cruzada para conseguir convencer minha sobrinha, sua neta, a vir nos visitar. Minha sobrinha morre de medo de voar, nunca voou, do alto de seus 11 anos, achamos assim, muito estranho, visto que esse pavor vem da mais tenra idade e sem explicação externa aparente. Ao que me minha mãe, tentando convencê-la, apontava-lhe todos os benefícios, passeios e descobertas envolvidos na perspectiva de vir me visitar. Ao que minha sobrinha então pergunta:
- Ah, mas vó, e se o avião cair?
E minha mãe, em uma demonstração de técnicas de convencimento da idade média:
- Ah, minha neta, mas se o avião cair a gente vai morrer. E aí eu não posso fazer nada!
Acho que minha sobrinha não vem até 2020. :o(
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